Como recuperar a confiança dos investidores institucionais na gestão ativa

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Etrusia UK, Flickr, Creative Commons

A indústria da gestão ativa deve trabalhar ainda mais numa série de áreas críticas para convencer os investidores sobre a sua proposta de valor. Os gestores ativos estão a receber várias chamadas de atenção. A mais evidente, a importante transferência de fluxos que ano após ano se está produzir de produtos de gestão ativa para gestão passiva, uma tendência que afeta ambos os lados do Atlântico. Os resultados do último inquérito realizado pela Allianz Global Investors entre 500 investidores institucionais de todo o mundo que, em conjunto, representavam 15 biliões de dólares em ativos sob gestão, são muito eloquentes.

71% pensa que os gestores ativos estão melhor posicionados para capitalizar as oportunidades de investimento apresentadas pela transformação digital, mas apenas 23% acredita que vale a pena o custo que implica às carteiras geridas de forma ativa. Nos Estados Unidos, a percentagem cai para 17%. Dito de outra forma: consideram que os fundos ativos são uma melhor opção de investimento, sobretudo quando os componentes subjacentes dos mercados mostram pouca correlação, mas não acreditam neles. A confiança geral que depositam neles é baixa. E não se trata apenas de uma mera questão de rentabilidade.

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Mesmo sendo importante, o relatório – apresentado sob o título Manter-se ativo: como recuperar a confiança na gestão ativa -, revela que a rentabilidade não é o único fator que influiu na eleição dos gestores de fundos por parte dos investidores. 48% afirma que é uma das suas três prioridades principais no momento de escolher gestores, em conjunto com as relações a longo prazo e de grande alcance com as gestoras que entendem os seus objetivos e desafios de negócio (41%) e a capacidade de evoluir com as suas necessidades, o que pode gerar benefícios tanto para os clientes como para os gestores (40%).

O relatório identifica cinco áreas chave onde os gestores de ativos devem centrar-se em melhorar os seus serviços para gerar maior confiança e obter o compromisso a longo prazo dos investidores.

1. Oferecer contextos de risco inovadores: menos de metade dos investidores entrevistados sentem que dispõem das ferramentas ou soluções adequadas para enfrentar os headwinds.

2. Facilitar o investimento em critérios ASG (ambientais, sociais e de bom governo corporativo): 61% diz que os gestores ativos são melhores que os passivos, mas 60% está confundido pelos diferentes contextos do investimento ASG. Não obstante, 72% das instituições planeiam gerir todos os seus ativos de uma forma consciente seguindo critérios ASG para 2030, quase 2 em 5 (38%) planeiam fazê-lo para 2025.

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3. Informar os investidores sobre o investimento alternativo: 45% vê-se dissuadido por uma sobreabundância de novos produtos, e 61% disse que alocava mais a investimentos alternativos se as estratégias fossem mais claras.

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4. Adotar a tecnologia para melhorar os resultados dos clientes: 61% dos investidores institucionais acredita que os gestores ativos podem captar melhor as oportunidades do mercado aproveitando a inteligência artificial e o big data.

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5. Advogar por modelos de comissões inovadoras: 68% quer estruturas de comissões que se ajustem ao rendimento.

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Este relatório deve servir como uma chamada de atenção para aquelas partes da indústria da gestão ativa que ainda não compreenderam o quão está a mudar o nosso sector. No desafiante contexto de mercados de hoje, a gestão ativa é mais relevante que nunca. De facto, só a gestão ativa pode proporcionar o tipo de soluções personalizadas e à medida necessárias para satisfazer muitos dos desafios dos investidores identificados no nosso relatório sobre a tecnologia disruptiva, modelos de comissões inovadoras e critérios ASG. Mas os gestores de fundos devem manter uma abordagem muito focada na sua contribuição aos clientes para poder destacar e prosperar num mercado atestado e consolidado”, afirma Andreas Utermann, CEO da Allianz Global Investors.

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