Como se gere o risco de liquidez de um fundo de grande tamanho como o M&G (Lux) Optimal Income

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Richard Woolnough é talvez um dos gestores de fundos mais conhecidos no mercado ibérico. Não é em vão que o seu fundo M&G (Lux) Optimal Income há anos que ocupa as primeiras posições da lista dos mais vendidos e por isso conta com o Selo Funds People 2019 pela sua classificação de Blockbuster. E a procura não é só do cliente ibérico mas também se repete além dos Pirenéus como demonstram os cerca de 24.000 milhões de euros de património com os quais conta a estratégia, dos quais 19.700 milhões encontram-se já na versão luxemburguesa do fundo, recentemente lançada.

É precisamente este avultado património e a alta exposição que tem à dívida corporativa o que explica que nas reuniões com investidores costume surgir sempre a mesma pergunta: poderá o fundo ter algum problema de liquidez no caso de acontecerem reembolsos massivos? Woolnough voltou a responder a esta pergunta no encontro com investidores.

“Estamos conscientes de que temos um fundo muito grande e por isso temos em conta o risco de liquidez e tentamos ser o mais transparentes possível em relação a isso”, afirmou o gestor que conta com mais de 30 anos de experiência e que gere o fundo desde o seu lançamento em 2006. É por isso, e pelo contexto de mercado, que foi reduzindo nos últimos meses o peso da carteira que tinha em dívida high yield para o aumentar em obrigações com classificação de investment grade. “O grande crescimento da oferta que se viu no mercado corporativo permite que seja um mercado onde se pode obter uma carteira muito diversificada. Não concordo que o crédito se esteja a deteriorar. Trata-se de um mercado mais eficiente”, afirma.

Além disso, para dar à carteira essa diversificação que exige qualquer veículo que conte com um património tão elevado como o que apresenta o M&G (Lux) Optimal Income, o gestor marca como limite 10% do mesmo investimento em obrigações de um mesmo emissor. Ao mesmo tempo, recorda que “temos 30% do património em ativos de liquidez como são as obrigações governativas”. Aí sim, não vê muito mais procura por esta dívida, em teoria livre de risco, mas não isenta do risco de volatilidade já que considera que as rentabilidades deste tipo de obrigações não apresentam muito mais procura.

Em conjunto com o risco de liquidez ou de crédito, outros dos que mais monitoriza o gestor é o da duração que utiliza por vezes para cobrir a divisa e que atualmente se encontra em níveis de 1,5 anos. Quanto ao risco económico, o gestor mostra-se confiante de que não há nenhum sinal que implique pensar que vá acontecer uma recessão a curto prazo o que justifica que continue a ver o mercado de crédito atrativo do ponto de vista das valorizações. “Olhando para os índices de confiança dos EUA não vemos a opção de que aconteça uma recessão a curto prazo. O mercado laboral não o mostra também porque temos mais gente a trabalhar com maiores salários e maior impulso do consumo, o que permitirá que a economia se mantenha forte. Não entendo porque é que as pessoas acreditam que haverá uma recessão. O mercado está a prevê-la porque a Fed está a atuar de acordo com Wall Street”, afirma.

Até junho, o M&G (Lux) Optimal Income tinha registado uma rentabilidade de 2,7%, inferior aos 3,96% que marca a sua categoria ainda que se analise um comportamento a médio prazo, em três dos últimos cinco anos ficou acima da média do sector.