Como tem evoluído a liquidez, na gestão de patrimónios?

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Num mercado em que a defesa parece ser o melhor ataque, importa também perceber como é que as gestoras de patrimónios têm encarado a alocação do património à liquidez.  Com base nos dados divulgados pela APFIPP, esta análise focou na desagregação das carteiras por tipo de ativo, nomeadamente na categoria apelidada de “Liquidez + outros investimentos”, pela Associação.

Compilando os dados da Associação compreendidos entre janeiro de 2013 e março de 2016, verifica-se que, em termos globais, a evolução desta categoria tem sido marcada por uma tendência negativa, interrompida periodicamente por picos de liquidez, ou seja, pequenos períodos em que as sociedades gestoras de patrimónios alocaram mais ativos a instrumentos de liquidez ou cujo comportamento negativo dos mercados fez com que naturalmente o peso dos mesmos ganhasse maior relevância nas carteiras (ver gráfico 1). Já o montante global sob gestão evidencia a tendência oposta, tendo tocado um máximo em agosto de 2016, acima dos 60.000 milhões de euros. (ver gráfico 2)

Gráfico 1

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Como é possível verificar no gráfico acima, em janeiro de 2013 as entidades que gerem patrimónios alocavam, em termos totais, uma fatia superior à classe de ativos em análise, comparando com os meses mais recentes do atual ano de 2016. No entanto, o gráfico deixa antever uma quebra da tendência desde o primeiro trimestre de 2015, com a consolidação de um mínimo em maio de 2015 e uma evidente inversão do sinal da segunda derivada.

A sensibilidade deste indicador ao comportamento dos mercados financeiros deverá estar mais relacionada com o comportamento dos ativos de fixed income, já que estes pesam significativamente mais na globalidade dos ativos geridos por estas entidades (quase 70% a 31 de março de 2016, segundo a APFIPP).

É evidente a relação dos picos no gráfico com alguns eventos marcantes para os mercados, como é o caso, por exemplo, de dezembro de 2013, altura em que o se iniciou o ‘taper tantrum’ nos EUA. De salientar é também que o horribilis mês de agosto de 2015 para os mercados financeiros de todo o mundo – em colapso muito por causa situação na bolsa chinesa – marcou por parte das gestoras de patrimónios um incremento no peso da liquidez. Motivo semelhante (provavelmente) estará na base do incremento verificado em fevereiro de 2016, momento em que as bolsas mundiais ainda digeriam o colapso de início de ano.

Gráfico 2

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