“Se compreendermos o consumidor, compreendemos a economia”, afirma Jeff Schulze, responsável de Estratégia da Clearbridge (Franklin Templeton). E o que se vê nos dados macroeconómicos é um consumidor americano que continua em grande forma.
Apesar destes dias de correção de mercado e de tensões geopolíticas, há uma razão clara para que Jeff Schulze mantenha a sua confiança no excecionalismo dos EUA: o consumidor norte-americano. O consumo é o motor por detrás de 70% do PIB dos Estados Unidos. “Se compreendermos o consumidor, compreendemos a economia”, afirma o responsável de Estratégia da Clearbridge, parte da Franklin Templeton. E o que se vê nos dados macroeconómicos é um consumidor americanos que continua em grande forma.
Os últimos dados macroeconómicos de fevereiro foram mais fracos do que o esperado, reconhece o profissional, mas não é uma tendência que Jeff Schulze acredite que vá durar para além do segundo trimestre. “Os dados do consumidor de fevereiro foram afetados por um mês de janeiro excecionalmente frio, pelos incêndios na Califórnia e por um dezembro de 2024 muito forte”, explica. O cenário base do responsável de Estratégia é que o consumidor norte-americano continua em boa forma, apoiado por um mercado de trabalho forte. “E não acreditamos que esta situação vá mudar em 2025”, afirma.
O que diz o Anatomy of a Recession
Por isso, apesar da leitura do último Anatomy of a Recession de fevereiro ter sido mais débil do que em janeiro, o especialista não se mostra preocupado. O programa, criado pelo próprio Jeff Schulze, analisa os principais indicadores de risco de recessão nos Estados Unidos.
Como vemos no gráfico anterior, há alguns pontos de debilidade, mas não de alarme. “Não temos motivos para acreditar que a saúde do consumidor tenha mudado”, insiste Jeff Schulze. As vendas de retalho nos Estados Unidos voltaram a estar acima da tendência pré-COVID e a desalavancagem das famílias pós-crise de 2008 terminou. “O impacto das fortes subidas de taxas de juro para as famílias é mínimo. 90% das hipotecas nos Estados Unidos são hipotecas fixas a 15-30 anos e as que não o são, podem recorrer a créditos home equity line”, explica.
Mais catalisadores para a economia norte-americana
Juntamente com o consumo, Jeff Schulze identifica outros três importantes catalisadores para a economia norte-americana: o investimento em inteligência artificial, o apoio fiscal e uma política monetária adequada.
“Calcula-se que os principais hyperscalers dos EUA, a Microsoft, a Amazon e a Meta, irão investir 300.000 milhões de dólares em 2025 em inteligência artificial. Isto representa um aumento de 50% em comparação com o ano passado. Do nosso ponto de vista, o ciclo de investimento da IA ainda está numa fase inicial”, defende o especialista. Quanto ao apoio fiscal, Jeff Schulze prevê a aprovação de um importante pacote fiscal na segunda metade do ano. “Maior do que o consenso prevê”, afirma.