Mantém uma carteira concentrada, na qual as 10 primeiras posições ocupam 51% do total. Tailândia, China e Índia são as grandes apostas. Por capitalização, encontra oportunidades nas small caps. Todos os detalhes da estratégia.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
O Templeton Asian Growth é um dos fundos de ações emergentes mais emblemáticos da Franklin Templeton. Talvez o motivo seja porque no comando do produto está Mark Mobius, um dos gestores mais experientes da indústria. Segundo dados da Morningstar, o retorno conseguido pelo fundo no último ano foi de 7,2%, 2,1 pontos acima do índice de referência. Trata-se de um dos fundos mais antigos da sua categoria (foi lançado em 1991). A nível geográfico as principais apostas são a Tailândia, a China e a Índia. Na verdade, das 10 principais posições da carteira, nas quais estão investidos metade dos activos (ocupam cerca de 51% do total), nove correspondem a empresas estabelecidas nestes países.
Quatro são tailandesas (Siam Commercial Bank, Kasikornbank Public, Ptt e Siam Cement), três são indianas (Oil & Natural Gas, Reliance Industries e Tata Consultancy Services, esta última que é a primeira aposta de Mobius, com um peso na carteira de 7%) e uma empresa de automóveis chinesa (Brilliance China Automotive). A hegemonia mantida por estes três países apenas é ‘rompida’ por uma empresa energética paquistanesa (Oil & Gas Development) com um peso de quase 6%. Ao nível sectorial, as grandes apostas do gestor situam-se no sector energético, consumo cíclico e tecnologia de informação. “Os 48 títulos que atualmente integram a carteira foram selecionados a partir de uma análise fundamental, seguindo uma métrica de análise de ação por ação”, explica Mobius.
No último mês de 2014 o fundo registou um comportamento mais débil, que o guru justifica com dois factores: a realização de lucros na Tailândia e na Índia e a redução de posições no sector energético como consequência da queda do preço do petróleo, que geraram turbulências nos mercados financeiros estrangeiros e um certo nervosismo tanto entre os investidores locais, como nos mais globais. “A Tailândia e a Índia foram dos mercados que se portaram especialmente bem em 2014, muito embora em dezembro tenham experimentado uma certa debilidade durante um período que veio acompanhado de volatilidade. Grande parte dessa debilidade demonstrada por ambos os países teve a sua origem em ações relacionadas com a energia”, assinala o especialista da Franklin Templeton.
No caso da Tailândia, Mobius explica que “os negócios continuam a funcionar, mas sob um regime militar que deixa que estes atuem, pelo menos enquanto não afectem a segurança nacional. Evidentemente acreditamos que é necessária tanto uma nova Constituição aceite pelos distintos partidos políticos, como eleições gerais. A classe média do país é muito importante e o consumo continua a crescer. Encontramos oportunidades nos sectores dos bens de consumo e serviços, incluindo bancos e imobiliárias, à medida que cresce a migração do campo para a cidade”. No que diz respeito à Índia, considera importante olhar para as empresas de pequena capitalização. “Na nossa opinião, as large caps estão sobrevalorizadas. No entanto encontramos grandes oportunidades entre as small caps”.
Em termos gerais, o interesse de Mobius pelas small caps é estrutural e de longo prazo. “São as principais beneficiárias das reformas empreendidas na Ásia e em muitas outras economias emergentes. O lucro das pequenas empresas é proveniente fundamentalmente da procura interna, pelo que a combinação de um crescimento económico sólido, uma crescente classe média e a queda do preço do petróleo incidem positivamente num maior rendimento disponível, pronto para consumir. As nossas carteiras diferem substancialmente – tanto a nível sectorial como geográfico – dos fundos globais. Consideramos especialmente atrativas as empresas orientadas para o consumo, assim como para a saúde, mas, em geral, não é um problema encontrar oportunidades dado que existem cerca de 20.000 empresas cotadas. É um segmento de mercado que continua sub-analisado, constituindo uma grande vantagem para nós”.
Recentemente duas grandes empresas indianas vinculadas ao sector energético reagiram mal à forte queda do petróleo, de tal forma que uma empresa ligada ao sector do metal e da mineração foi castigada na bolsa por causa da sua participação numa empresa de exploração de petróleo e gás. O mau comportamento deste segmento de mercado foi compensado pela evolução favorável mostrada pelo sector financeiro chinês, “que ganhou terreno por causa dos estímulos injetados por Pequim na economia”, assim como os bancos e as empresas automobilísticas indonésias, que “foram beneficiadas” pelas reformas económicas do governo, que reforçaram o sentimento positivo dos investidores”. No que diz respeito à Indonésia, Mobius mantém uma certa cautela. “As reformas anunciadas pelo novo governo não aconteceram da forma que se esperava, defraudando as expectativas do investidor. Achamos que podem existir novas correções”.
Opinião sobre os principais rumores de mercado da China
Foram dois os aspectos que deixaram os investidores intranquilos relativamente à China. Em primeiro lugar, o medo relativamente à velocidade de aterragem da economia chinesa. “É importante diferenciar o PIB nominal do PIB real: em 2010, quando a China crescia cerca de 10% contribuía com 844 biliões de dólares na economia, em 2013 o PIB cresceu cerca de 7,7% acrescentando 986 biliões. Os salários crescem na mesma proporção que as ofertas de trabalho aumentando o rendimento disponível e, por isso, também o consumo”. Outro tema “quente” é o medo de uma bolha imobiliária. “Independentemente de em certas zonas se ter produzido um aumento exagerado dos preços, em geral os preços das casas subiram à medida que se iam vendendo mais, consequência de uma forte corrente migratória do campo para a cidade (cerca de 53% da população já vive nas cidades) e que continuará no futuro até alcançar níveis similares aos de outros países (nos EUA representa mais de 80%).