Michael Heldmann, diretor de Investimentos de Ações Sistemáticas da AllianzGI, explica nesta entrevista como se pode gerar alfa através da diversificação de estilos.
Há 25 anos, no final dos anos 90, um grupo de profissionais financeiros que trabalhavam na Allianz Global Investors decidiram criar uma estratégia de investimento consistente e que incorporasse a investigação académica. “A ideia era combinar todas as fontes de retorno numa só estratégia, utilizando os cinco estilos de forma ponderada”, explica Michael Heldmann, diretor de Investimentos de Ações Sistemáticas da AllianzGI. Isto, mais tarde, ficou conhecido como factor investing ou investimento por fatores.
“Queríamos ter produtos que tivessem sempre 70% de probabilidade de ter mais rentabilidade do que o benchmark, e com isto, tocámos em todas as fontes de rentabilidade”, afirma. Conseguem-no através da aplicação a todos os produtos da gama - atualmente composta por 17 fundos de investimento - de uma diversificação por estilos e riscos, que inclui os seguintes: value, momentum, growth, quality e revisions. “80% do excesso de retorno que se consegue no mercado deve-se aos fatores de investimento, e 20% deve-se ao alfa que o gestor pode oferecer. Sempre foi assim”, aponta Michael Heldmann.
Como encurtar o horizonte de investimento
Esta gama, atualmente composta por 17 produtos, gere um património de 32.000 milhões de euros, e aplicam a todos eles o mesmo peso por fatores (40% value, 20% quality e 40% repartido pela revisão, pelo growth e pelo momentum). Aí sim, são geridos se forma diferente, atendendo às diferentes estruturas e riscos que cada mercado apresenta. Essa diversificação de fatores permite-lhes oferecer uma rentabilidade de acordo com a expetativa do investidor em períodos mais curtos de tempo do que o investimento value, por exemplo, requer. “Conseguimos encurtar o horizonte de investimento para três anos, o tempo que acreditamos que um investidor consegue aguentar”, explica.
No momento de realizar esse filtro por fatores, apoiam-se muito na tecnologia. “Há vários anos que utilizamos ferramentas de Inteligência Artificial na forma de selecionar, visto que nos permite chegar aos detalhes”. De facto, não é por acaso que na equipa de 21 pessoas de Ações Sistemáticas da AllianzGI, onde está incluída a gama de Best Styles, há quase tantos perfis científicos (físicos, engenheiros, etc.) como financeiros.
Essas ferramentas tecnológicas, tanto as externas como as internas que a própria gestora desenvolve, ajudam-nos a compor 80% da alocação da carteira. Não validam 100% do que a máquina lhes diz, essa alocação passa por um filtro humano através do gestor que, além disso, determina os restantes 20% do portefólio.
Quanto à rotação de fatores ou valores, esta não é demasiado elevada. “Olhamos para a diversificação entre fatores e para a expetativa de retorno de cada fator a médio prazo, não fazemos trading de fatores”, explica. Como já foi mencionada anteriormente, a gama Best Styles da AllianzGI cumpre, em plena forma, o seu 25.º aniversário. Celebra-o com uma oferta de produtos, todos eles de ações, que acreditam ser suficientes após a incorporação, no ano passado, de dois novos fundos, um centrado na obtenção de rendimentos e outro em ESG.