Dedicar tempo a selecionar um fundo ativo de ações americanas: vale ou não a pena?

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Fernando Bryan Frizzarin, Flickr, Creative Commons

Se investe em ações americanas adotando uma estratégia de investimento de longo prazo, o primeiro que tem que decidir é se o quer fazer através de um fundo de gestão ativa ou passiva. Se o fizer através de um produto gerido ativamente, a prova empírica demonstra que na análise o investidor deve ter em conta duas coisas muito importantes. A primeira são os custos. Um conselho: a menos que tenha um olho clínico para eleger o gestor adequado, é melhor abster-se de eleger um produto que esteja no primeiro quintil por preço, isto é, selecionar uma estratégia que esteja entre 20% das mais caras da sua categoria. As probabilidades de ficar com um produto que bata ao índice são muito baixas.

Segundo um estudo da Morningstar, a dez anos a percentagem de sucesso dos gestores que centram o seu universo de investimento em empresas de grande capitalização é muito reduzido, reduzidíssimo. Na categoria Morningstar US Large Cap Blend, por exemplo, só 1,1% dos produtos mais caros superaram o índice na última década. Em US Large Cap Value a percentagem é de 1,4% e em US Large Cap Growth, de 3,1%. São níveis muito baixos, que evidenciam o quão difícil que pode ser acertar no momento de eleger um fundo de ações americanas gerido ativamente se o investidor se limitar a procurar entre as estratégias que têm um custo maior.

Se, pelo contrário, o investidor optar por centrar a procura nos 20% dos produtos de ações americanas geridos ativamente mais baratos, as possibilidades de sucesso aumentam... ainda que continuem a ser baixas. Nas categorias de US Large Cap Blend e US Large Cap Value, quase 20% dos fundos com gastos associados mais reduzidos bateram o seu índice de referência nos últimos dez anos. Dois em cada dez. Na categoria US Large Cap Growth, a percentagem apenas toca nos 15%.

O que demonstram os dados apresentados pela empresa de análise é que, quanto mais a curto prazo, maior é a probabilidade de que um gestor ativo de ações americanas supere o índice. Quanto mais se vai alargando o período de posse, mais vai pesar o custo (e o facto de os Estados Unidos ser um dos mercados mais eficientes do mundo) nos resultados do fundo. Em geral, a 1-3 anos, a percentagem de gestores ativos que geram rentabilidades superiores às do índice move-se em torno do 33% (um em cada três).

Isto é: se quiser investir a curto-médio prazo em ações americanas e confia na sua capacidade de seleção deve saber que as probabilidades de sucesso são maiores do que se o fizer a longo prazo. Nas categorias de produtos que centram o seu universo de investimento nas pequenas e médias capitalizadas, estas aumentam de forma muito significativa. Assim, por exemplo, quase metade dos fundos US Mid Cap Blend bateram o seu índice no último ano. Concretamente 46% conseguiu esse feito. Não obstante, a dez anos a percentagem cai para 7,7% (dos que estão no primeiro quintil por preço, nenhum superou o índice).

Outra conclusão muito interessante do estudo: se quiser investir a curto-médio prazo nas ações americanas seguindo um estilo growth deve saber que aqui as probabilidades de eleger um fundo ativo que bata o índice são maiores do que, por exemplo, se se tratasse de gestores value.

A um ano, a percentagem de fundos ativos US Large Cap Growth que geraram rentabilidades acima do índice está nos 54%. A três anos, quase 40%. No que diz respeito aos gestores growth incluídos dentro da categoria US Mid Cap Growth, a percentagem de sucesso a um ano é de quase 80%, face aos 60% se tomar um período de 36 meses. Em US Small Caps Growth os números são muito semelhantes, com três a quatro gestores batendo o índice a um ano e seis de cada dez fazendo-o a três. Quanto mais se vai alargando o prazo, menores as possibilidades de sucesso.

Para os gestores value, as percentagens são também elevadas a curto-médio prazo (33% de probabilidades de sucesso a 1-3 anos no caso dos gestores com fundos US Mid Cap Value e de 45% a 1-3 anos para os US Small Cap). A dez anos, as percentagens caem a 10% (no caso dos gestores com fundos que investem em empresas de média capitalização) e de 25% (no que diz respeito aos que centram no seu universo nas empresas de pequeno tamanho).