Em Portugal para a apresentação do outlook de final de ano, Stefan Hofrichter, da Allianz Global Investors, levantou algumas dúvidas, mas mostrou uma convicção: uma recessão é o cenário mais provável nos Estados Unidos.
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Em Portugal para a apresentação das perspetivas de final de ano, Stefan Hofrichter, responsável de Economia & Estratégia Globais na Allianz Global Investors, levantou algumas dúvidas, mas mostrou uma convicção: uma recessão é o cenário mais provável nos Estados Unidos. Embora o profissional veja as condições financeiras - mercados de dívida e de ações - como “ligeiramente acomodativas”, em contrassenso com as condições monetárias restritivas, relembra que a história mostra que uma recessão “quase sempre seguiu” um contexto monetário como o atual. E não é só um indicador económico que aponta nesse sentido.
“O consenso na indústria é de uma aterragem suave, mas nós não estamos tão certos”, introduz. Segundo o economista, o cenário base partilhado por grande parte dos departamentos de gestão de fundos no universo da Allianz GI é o de uma recessão. “Podemos debater se a recessão será superficial ou profunda, curta ou longa. De modo geral, estamos menos certos de que será uma recessão benigna, suave, curta e superficial. Pode acontecer, mas não é assim tão claro. E porque é que somos da opinião de que uma recessão é o cenário base? Bem, alguns indicadores importantes dizem simplesmente que isso vai acontecer”, expõe.
Na tabela abaixo, Stefan Hofrichter lista 10 indicadores que dão suporte ao seu cenário base, mas destaca dois em particular. Primeiro, a curva de yields. “A curva inverteu-se no verão de 2022. O tempo médio entre a inversão e uma recessão é de cinco trimestres, ou seja, hoje. No entanto, também assistimos a períodos em que foram necessários dois anos para que a recessão começasse efetivamente. O tempo de reação à política monetária é longo e variável e, portanto, não nos devemos surpreender se a recessão só começar no segundo semestre do próximo ano”, expõe.
Indicadores de recessão
Um segundo fator que considera bastante importante e que também, como diz, “foi objeto de discussões recentes” é a evolução do mercado de trabalho. “A taxa de desemprego está ainda muito baixa, nos 3,9%, na leitura mais recente. Se olharmos para os dados suavizados, a taxa de desemprego subiu apenas um terço de um ponto percentual. Não é muito, mas há uma observação histórica de que todas as recessões começaram com um aumento da taxa de desemprego de apenas meio ponto percentual, o chamado indicador de recessão de Sahm, em homenagem à antiga economista da Fed, Claudia Sahm. Não estamos longe disso”, exclama.
Resumindo, para Stefan Hofrichter são muitos os indicadores avançados - mas com um horizonte de materialização mais longo - que apontam para o início de uma recessão nos EUA no final de 2023 ou no início de 2024. E aproveita para relembrar: “Os ativos de risco, ou seja, as ações e as obrigações de empresas, normalmente atingem o seu ponto mais baixo em termos absolutos e relativos durante as recessões e não antes delas”.