Desvalorização do yuan: o olhar da Schroders sobre a estratégia do Banco Popular da China

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Dainis Matisons, Flickr Creative Commons

Ontem pela manhã o Banco Popular da China procedeu à desvalorização da moeda chinesa em 1,9%, o que representa a queda mais acentuada dos últimos 20 anos. A maioria dos meios de comunicação interpreta este movimento da Instituição como sendo uma tentativa de estimular as exportações do país e combater a desaceleração económica do mesmo. Para a gestora internacional Schroders, outros valores mais altos se levantam. Craig Botham, economista de mercados emergentes da entidade, esclarece que não acredita que “esta seja uma política que tem como objetivo primeiramente fornecer estímulos às exportações”.

Um outro olhar 

Explica que “a depreciação resultante, de menos de 2%, significa que, em termos ponderados, o yuan está de regresso a níveis de há 10 anos atrás” e, por isso, este movimento “não será o tipo de mudança que implicará um crescimento de exportações chinesas”. Para o profissional da Schroders, mais importante - e determinante – será o crescimento do papel do mercado ao determinar o valor da divisa. Resumindo, Craigh Botham entende que mudança pode ser vista mais como “uma reforma destinada à inclusão dos direitos de saque especiais, em vez de estimular o crescimento”.

Foi nesta lógica de pensamento que economista chefe do Banco Popular da China fez questão também de explicar que “o banco central irá estabilizar as expectativas de mercado de forma a assegurar uma transição ordeira para o novo regime”. Craig Botham coloca a tónica no facto deste não ser “o fim da intervenção”, e acredita que seria “imprudente permitir uma grande depreciação nesta altura, dadas as grandes saídas de capital obtidas na primeira metade do ano”.

Assim sendo, a pergunta que se coloca é se daqui para a frente existirão mais movimentos de depreciação da divisa. “Para além do risco de saídas de dinheiro, que deverá desencorajar a política de depreciação, continuam a existir apoios estruturais, particularmente sob a forma de superávit por conta  corrente”, esclarece o profissional.

Craig Botham faz também questão de esclarecer que a fixação dos preços será igualmente determinada pelos “movimentos das taxas de câmbio da maioria das moedas”. Essa possibilidade, diz, implica “um afastamento de uma indexação pura ao dólar passando a ser feita em relação a um cesto de moedas”. Se de facto o Banco Popular da China quer indexar o yuan em termos ponderados, a depreciação vs o dólar torna-se mais provável, ainda para mais se o dólar continuar a fortalecer-se”.  Mas da Schroders acreditam que a preocupação da classe política continua a ser a estabilidade financeira e social e, por isso, “uma grande desvalorização não está no horizonte”.