No ano passado, a nível europeu, estes produtos sofreram os maiores reembolsos da sua história (-100.300 milhões). O contexto para este tipo de estratégias mudou radicalmente.
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No ano passado, na Europa, os fundos mistos sofreram os maiores reembolsos (-100.300 milhões de euros) da história. Nunca tinha saído tanto dinheiro desta categoria. Estas saídas ocorreram depois de os fundos multiativos serem considerados os favoritos dos investidores europeus, depois da crise creditícia de 2008, quando alguns produtos de ativos mistos conseguiram registar rentabilidades positivas durante as turbulências do mercado derivadas da crise creditícia, bem como durante a crise do euro em 2011.
O que aconteceu? Segundo Detlef Glow, com a queda das taxas de juro, cada vez mais investidores começaram a considerar os fundos mistos como substitutos dos seus investimentos em obrigações. Mas o contexto mudou. “Com a subida das taxas de juro ao longo de 2022 e a queda dos mercados de ações ao mesmo tempo, a maioria destes produtos registaram rentabilidades negativas nesse ano. Como resultado, alguns investidores ficaram dececionados com os resultados dos fundos multiativos na sua carteira e venderam-nos”, explica o diretor de Análise da Refinitiv para a região EMEA.
A crescente esperança de os brancos centrais de todo o mundo chegarem ao fim dos seus ciclos de subidas de taxas de juro ao longo de 2023 fez com que os investidores começassem a reconsiderar as obrigações como um tipo de ativo atrativo, e voltaram a comprar em vários segmentos de obrigações. “Dado o nível das taxas de juro alcançados, o atrativo dos fundos mistos diminuiu drasticamente, o que deu lugar a novas vendas que estabilizaram a tendência negativa dos fluxos de fundos. Como resultado, os fundos mistos registaram saídas em todos os meses de 2023”.
Pior ainda: “O contexto de mudança do mercado de obrigações e a tendência atual dos fluxos de fundos podem indicar que os fundos mistos poderão enfrentar um período mais longo de saídas de dinheiro”, prevê o especialista.