Dia da Mulher: O discurso ganha peso, mas os dados ainda não acompanham

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Créditos: CoWomen (Unsplash)

Hoje celebra-se um novo 8 de março, um novo Dia da Mulher. Está marcado pela pandemia, e não só porque não se esperam manifestações devido à débil situação da saúde pública, mas também porque a crise do coronavírus representou um travão para a igualdade da mulher no âmbito laboral. É o que nos dizem os dados.

Segundo a ONU, 40% de todas as mulheres empregadas (510 milhões de mulheres em todo o mundo) trabalham nos setores mais afetados pela COVID-19, face aos 36,6% dos homens empregados, o que as empurra para registar uma maior taxa de desemprego. De facto, segundo o índice Women in Work da PwC, o progresso das mulheres no trabalho poderá voltar aos níveis de 2017 no fim de 2021 como resultado da pandemia de COVID-19. Isto faz eco de dois números preocupantes da OCDE. A primeira, que a taxa de desemprego feminino nos países da OCDE aumentou 1,7 pontos percentuais em 2020 para os 7,4% e, além disso, em 17 dos 24 países que reportaram dados de desemprego, as mulheres foram as mais afetadas.

“O fecho das escolas durante a primeira onda do vírus fez com que trabalhar a partir de casa fosse difícil para muitas mães trabalhadoras, já que faziam malabarismo com o trabalho, a escola em casa e os cuidados com as crianças, tudo no mesmo espaço e tempo”, explica a Eurfound no seu relatório Women and Labour Market Inequality. E mostra números. 29% das mulheres teve problemas para se concentrar no trabalho devido aos cuidados familiares, face a 16% dos homens.

As dificuldades que enfrentou a mulher neste ano de pandemia foram acompanhadas, além disso, de um estancamento no acesso aos postos de responsabilidade. Segundo um relatório anual Women on Boards da MSCI, a representação feminina nos conselhos de administração aumentou só 0,06% face aos 2,1% de aumento registados em 2019. E, apesar de vários estudos mostrarem uma relação muito positiva entre o número de mulheres nos conselhos diretivos das empresas cotadas e a rentabilidade financeira das empresas.

Um deles é o Womenomics, da Goldman Sachs, que analisa o comportamento das empresas do Stoxx600 na última década e conclui que em geral o facto de se empregar mais mulheres está vinculado a um dos melhores resultados da empresa no mercado. Outro é o Thematic Investing: Everybody Counts! Diversity & Inclusion Primer de Bank of America, que conclui que as empresas do S&P500 com uma diversidade de género superior à média nos conselhos de administração obtêm um ROE 15% maior, e no caso das empresas com equipas étnicas e racialmente diversificada é 8% maior.

Fala-se mais do tema e isso é positivo

Não obstante, se podemos retirar algo positivo do impacto que a pandemia teve nas mulheres é que cresceu a importância que os investidores dão à luta pela igualdade de género nas empresas onde investem. De facto, dentro do vasto universo que implica o investimento com critérios ESG, o S de social, ganhou espaço em tempo de pandemia. E dentro do S encontram-se todas as políticas sociais encaminhadas para conseguir fechar essa brecha de género no âmbito laboral. Ao fim e ao cabo, eliminar a brecha não é só um direito, mas também pode contribuir e muito para o crescimento da economia. Em concreto, segundo o Bank of America, se se alcançar a igualdade de género, o PIB global poderá aumentar 28 biliões de dólares até 2025. Não obstante, ainda falta muito para fechar essa brecha.

Na FundsPeople, quisemos celebrar este Dia da Mulher ao recuperar alguns artigos escritos nosdestacávamos de forma específica o papel da mulher na sociedade em geral no âmbito financeiro em particular. Porque qualquer dia é bom para dar valor ao papel da mulher e ainda há muito por onde avançar.

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