Direitos humanos e laborais: grupo de investidores apela à priorização na definição de normas

trabalho secretária noticia
Créditos: Mariya Pampova (Unsplash)

Um grupo de 24 investidores, representados pela ShareAction, uma organização não governamental de investimento responsável, escreveu recentemente uma carta onde apela ao Conselho Internacional de Normas e Sustentabilidade (ISSB) que “dê prioridade à investigação das normas de divulgação do capital humano e dos direitos humanos no seu próximo plano de trabalho de dois anos".

Este conjunto de investidores, que gere ativos no valor de mais de 1 bilião de dólares e onde se encontra, por exemplo, a Achmea Investment Management ou a Robeco Asset Management, justifica esta ação por considerar imperativo dar mais visibilidade a estas temáticas, de forma conjunta. Reforçam essa necessidade, principalmente num cenário pós-pandémico, com o elevado número de demissões, despedimentos e estagnação na recuperação do mercado de trabalho. Para os intervenientes, a materialidade financeira do capital humano e os riscos implícitos para as empresas nunca foi tão clara.

Esta iniciativa tem por base uma sondagem recente feita no Reino Unido, em que 74% dos britânicos afirmam ter uma opinião negativa acerca das instituições financeiras que investem em empresas incumpridoras de normas relacionadas com direitos humanos e laborais. A carta refere, ainda, outros estudos realizados onde se evidencia a relação positiva entre os indicadores sociais e de governança e o valor da empresa.

O grupo argumenta, também, que não se pode olhar para capital humano e direitos humanos como áreas distintas, mas sim, interligadas, e que tratá-las isoladamente não reflete a realidade das práticas do mercado. Instam, portanto, a ISSB a que reveja a sua posição nessa matéria, referindo que, na prática, “nem as empresas, nem os investidores tratam o capital humano e os direitos humanos como duas áreas distintas e separadas”. Mencionam, ainda, conceitos como sindicalização, diversidade e inclusão como parte integrante de ambas as matérias e que, separá-las conceptualmente, poderá trazer interpretações erróneas e sobrepostas ao quadro de divulgação social atual.

Este conjunto de investidores está convicto de que a procura por mais e melhor informação relacionada com a força laboral por parte dos investidores está “num nível sem precedentes". Facto demonstrado pelos mais de "60 investidores, com mais de 10 biliões de dólares em ativos sob gestão, que são signatários da Iniciativa para a Divulgação das Forças de Trabalho (WDI), e pelos 255 investidores que subscreveram a iniciativa "Advance" dos Princípios de Investimento Responsável das Nações Unidas(UNPRI) sobre direitos humanos".