Nesta que é uma época de recomeço, há que “falar” do que poderá estar para vir depois de um verão duro nos mercados financeiros. A J.P. Morgan AM esteve em Lisboa e deixou algumas “pistas”.
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O repto da J.P. Morgan AM na sua última vinda a Lisboa pode dizer-se que não é o mais simples tendo em conta o atual contexto de mercado: otimizar as carteiras de investimento.
Numa espécie de guia para a rentrée, Stephanie Flanders, chief market strategist para a Europa, “desbravou caminho” até às principais noções que o investidor deve ter em conta este outono, lembrando o que o verão deixou para trás. “A Fed, com a sua última decisão, introduziu muita incerteza nos mercados, mas acredito que ainda estamos no caminho que levará a uma subida das taxas nos EUA e, em seguida, no Reino Unido”, começou por dizer, assegurando aquela que é a opinião de muitos: “Acreditamos que é um risco adiar ainda mais a subida das taxas até 2016”, pelo que os investidores devem ter consciência de que quando esta subida acontecer “vai seguramente ser feita de forma muito gradual”.
Ainda há reformas por fazer na Europa
Sobre a Europa, a especialista acredita que a recuperação no velho continente “sobreviveu claramente ao problema da Grécia, e será também capaz de superar a recente volatilidade do verão”. Embora os indicadores económicos na Europa continuem a ser positivos e a trajetória de crescimento se mantenha, para a profissional os números da dívida pública e privada continuam a ser uma campainha de alarme. “São ainda necessárias reformas políticas, estruturais e económicas, em países como Portugal, Espanha ou Itália”. Descritos os cenários em cima da mesa, deixou aos investidores um conselho duplo: “diversificar mais e esperar menos”.
A Europa continuou a ser tema de debate, mas por via de dois produtos. O conhecido especialista de produto de ações europeias, Paul Shutes, foi também uma das presenças, dando conta dos fundos JPM Europe Dynamic Fund e JP Morgan Euroland Dynamic Fund. “Para aproveitar as oportunidades existentes na Europa há sem dúvida que estar investido num fundo que não tenha constrangimentos em termos de exposição geográfica”, assinalou. Fez questão de frisar que as oportunidades continuam a existir na periferia europeia, e que, por isso, um fundo que investe na Europa não pode deixar passar em branco tais oportunidades.
Foco nas empresas financeiras
Nalgumas palavras sobre o processo de investimento subjacente aos fundos frisaram-se três componentes: o ‘valor’, a ‘qualidade’ e o ‘momentum’. Ao nível das empresas value que incorpora em carteira, Paul Shutes reforçou que neste contexto de mercado há um maior direcionamento para empresas com um caráter mais cíclico, como é o caso das financeiras. “Temos centrado atenções em bancos que estão numa fase de recuperação e de restruturação”, salienta, destacando que se tratam de “títulos relativamente baratos, que negoceiam abaixo do seu book value, e cujos lucros estão francamente a recuperar”. Na componente da qualidade, salienta a inclusão de algumas ações mais defensivas, com retornos de grande qualidade - como é o caso da farmacêutica Novo Nordisk – e ainda companhias com capacidade para reinvestirem. Por último, aproveitar o ‘momentum’ passa por “olhar para a intensa atividade de M&A, para a relação entre divisas e ainda para as empresas de transportes ou do sector do consumo”.
Um fundo multi-ativo que “dá nas vistas”
As últimas palavras da conferência foram de Olivia Mayell, responsável pela equipa de especialistas de produto do Global Multi-Asset Group, que trouxe à assistência um dos temas mais em voga na Europa este ano: os fundos multi-ativos. Sobre o fundo multi-ativo da casa - JPM Global Capital Appreciation Fund - foram dois os dados que saltaram desde logo à vista dos presentes: o retorno (positivo) de 4% no conturbado mês de agosto, e os 14% de rentabilidade desde o início do ano. “Por esta altura de mercado é imperativo que os investidores procurem estratégias que não estejam correlacionadas com o resto da carteira de investimento, nem com os mercados”, referiu. Foi neste sentido que a especialista reiterou que existem três componentes essenciais no processo de investimento que executam nas estratégias de multi-ativos: a criação de temas macro, a seleção de estratégias de investimento, e a construção do portfólio a par da gestão do risco.