Segundo o Banco de Portugal, estavam vivos 70 títulos de dívida ESG, representando um total de 13,5 mil milhões de euros, a final de outubro. Saiba quem são os setores institucionais quem mais emitem estes títulos.
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Os títulos de dívida ESG têm como objetivo principal financiar projetos que gerem benefícios ambientais, sociais e de governança, como a redução das emissões de carbono, a preservação de recursos naturais ou, no âmbito social, projetos voltados para a melhoria das condições de saúde, educação, habitação acessível, promoção da igualdade, entre outros.
Nos últimos anos, a emissão destes títulos de dívida tem ganho relevância global, refletindo um interesse crescente dos investidores e emissores em alavancar recursos para a transição para uma economia mais sustentável. Este crescimento também se verifica em Portugal, como evidenciado pelas mais recentes estatísticas do Banco de Portugal, que destacam a evolução positiva das emissões de títulos ESG no mercado financeiro.
De forma a compreender melhor o campo de ação destas emissões, o Banco de Portugal organiza estes títulos em várias categorias, permitindo uma visão mais detalhada dos objetivos específicos e das áreas de impacto de cada tipo de instrumento financeiro, de acordo com a seguinte classificação:
ESG verde: títulos de dívida cujos recursos se destinam a financiar projetos relacionados com a proteção do meio ambiente;
ESG social: títulos cujos recursos se destinam a financiar projetos com um impacto social positivo;
ESG sustentabilidade: títulos de dívida cujos recursos se destinam a financiar projetos que combinam a proteção do meio ambiente com um impacto social positivo;
ESG ligado à sustentabilidade: títulos de dívida cujos recursos podem ser utilizados sem restrições, mas em que as entidades se comprometem a cumprir, no futuro, objetivos ESG pré-definidos. Em geral, a taxa de juro destes instrumentos varia em função do cumprimento ou não desses objetivos;
Obrigações verdes em destaque
Segundo a informação disponível, no final de outubro, estavam vivos 70 títulos de dívida ESG, representando um total de 13,5 mil milhões de euros. Um número que tem evoluído consideravelmente, como se pode ver no gráfico seguinte. É o montante mais elevado desde outubro de 2019. A essa data, tais títulos não ultrapassavam os 1,8 mil milhões de euros.
A final de outubro de 2024, a categoria ESG Verde é a que detém a maior parte do montante. São cerca de 9,6 mil milhões de euros de emissões de títulos neste segmento, cerca de 70% do total. Em seguida, com 2,3 mil milhões, estão os títulos ESG ligados à sustentabilidade. Os títulos ESG sustentabilidade, ou seja, de equilíbrio entre projetos de cariz ambiental e/ou social, alcançam os 1,1 mil milhões de euros e os títulos de ESG social, pouco mais de 500 milhões de euros.
Com respeito às emissões apenas do mês de outubro, o total perfaz 70,43 milhões de euros, sendo responsável por esse montante, os títulos ESG ligados à sustentabilidade, 83,5 milhões de euros e o valor negativo de 13,07 milhões de euros emissões de títulos ESG verde. Este último indica que, no mês em análise, o montante de títulos amortizados foi superior aos de títulos emitidos.
Stocks de títulos de dívida por categoria ESG
Fonte: Banco de Portugal
Quem emite mais títulos ESG?
Desconstruindo agora a emissão de títulos ESG por setor institucional do emitente, é possível constatar que as empresas não financeiras são quem mais recorre ao financiamento através de títulos de dívida classificados como ESG, seguidas do setor financeiro. Dos 13,5 mil milhões de euros de emissões a final de outubro, 10,1 mil milhões são referentes a empresas não financeiras. Deste modo, o restante, 3,4 mil milhões pertencem a empresas do setor financeiro, uma vez que as administrações públicas ainda não recorreram a este tipo de financiamento.
Dos 70,43 milhões de euros de emissões do mês de outubro, as empresas não financeiras foram responsáveis por 36,93 milhões e o setor financeiro, 33,5 milhões.
Importa ainda destacar a evolução positiva da emissão deste tipo de títulos, principalmente por parte das empresas não financeiras, no último ano.