Domingo Torres (Lazard FM): “Não somos mais uma gestora boutique na Península Ibérica”

Domingo Torres Fernandez Lazard
Domingo Torres. Fonte: Lazard Fund Managers

Domingo Torres é o responsável para Portugal e Espanha da Lazard Fund Managers, uma estrutura criada em 2017 para juntar numa mesma plataforma a distribuição das duas casas gestoras do grupo, a francesa Lazard Fréres Gestión e a norte-americana Lazard Asset Management. Os fundos americanos e europeus do grupo ficaram assim sob o mesmo chapéu de distribuição em diversos países da Europa, incluindo, claro, Portugal. “Até 2018 trabalhávamos sob um acordo de distribuição com um parceiro local. Desde então, decidimos agarrar a distribuição em Portugal e registar todas as principais estratégias que traduzem o sucesso da nossa gestão”, introduz o profissional em conversa com a FundsPeople

Apesar de a crise originada pela pandemia ter criado alguns obstáculos, as ambições do grupo Lazard para Portugal são grandes. “A pandemia teve o seu impacto e o processo, como estava previsto inicialmente, ficou em suspenso. No entanto, com todas as alternativas de interação e contacto com o cliente que a pandemia colocou na mesa, a verdade é que esta também nos permitiu fazer crescer bastante bem o negócio. Tínhamos já plantado e regado bem as nossas estratégias entre os investidores portugueses, e quando perante a incerteza e volatilidade estes procuraram alternativas, procuraram-nos, não só as pequenas entidades gestoras, mas também os investidores institucionais bem assentes no mercado”, explica. 

Já no que diz respeito ao futuro, a ideia de Domingo Torres é dar um toque local ao processo de vendas e apoio ao cliente. “No prazo de seis meses a um ano, ambicionamos ter um especialista, português, que conheça bem o mercado e que seja o nosso responsável de vendas para Portugal, a partir de Portugal. A nossa ideia é crescer, e numa próxima fase queremos fazê-lo localmente”, refere. Segundo o profissional, no contexto ibérico a Lazard tem já mais de 1,1 mil milhões de dólares distribuídos, sendo que Portugal representa, sensivelmente, um terço desse volume. “Não somos mais uma gestora boutique na Península Ibérica”, exclama. 

O mercado português

Sobre o mercado português, o profissional da Lazard Fund Managers não poupa elogios. “Do meu ponto de vista, não só do da Lazard, o mercado português é um mercado muito maduro em termos de competências. O nível dos profissionais de investimento é altíssimo, o nível de exigência também e o nível de expetativas de serviços igualmente”, exclama. Segundo Domingo Torres, as estratégias que mais são procuradas em Portugal, tipicamente, não são as de ações (apesar de a Lazard ser uma casa de equity) ou estratégias mais plain vanilla long-only de obrigações.  “As estratégias que se procuram são mais de nicho. Convertíveis e dívida subordinada financeira, por exemplo. E procuram-nos nesta classes de ativos porque sabem que somos líderes de mercado. Os volumes são prova disso”, diz.  “Convertíveis, pelo perfil de risco e retorno e pela oferta vasta que disponibilizamos. Investment grade, europeia, recovery - como resultado da pandemia. As subordinadas de bancos são procuradas pelo spread que proporcionam num contexto de baixas taxas e yields nas alternativas de rendimento fixo”, explica Torres Domingo.

Por fim, e como não podia deixar de ser, o profissional lembra que a grande maioria dos fundos da casa integram critérios ESG nos processos de investimento. “Muitos dos fundos franceses, por exemplo, ostentam o selo SRI do ministério da economia francês. Os investimos com critérios ESG são um parâmetro sim ou sim. Uma realidade!”, exclama.