Trata-se de um modelo que se pode adaptar às necessidades do utilizador, que o pode utilizar de forma externa, para informar os clientes, ou de forma interna, para justificar os processos de seleção do produto, caso o regulador o exija.
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Ao nível do produto, a MiFID II centra-se fundamentalmente em dois aspetos-chave: qualidade e valor. Neste sentido, a nova normativa dedica um capítulo muito extenso à informação que deve ser fornecida ao investidor. Entre os requerimentos exigidos por esta norma no que respeita à definição da gama do produto, a MiFID II leva a que os procedimentos sejam repetíveis e robustos, também no que respeita à informação que seja apresentada ao cliente, documentando os diferentes pontos do processo e mantendo um registo de todos os passos que foram seguidos para selecionar um produto concreto, algo imprescindível no caso de o regulador requerer essa informação. Nesse sentido, a Morningstar tem vindo a utilizar há já vários anos uma série de metodologias que vão em linha de conta com o que agora é exigido pela MiFID II.
Habitualmente, quando os analistas da empresa se reúnem com os gestores, elaboram um relatório onde inclui informação sobre a carteira do produto, os fluxos, as comissões, os resultados obtidos ou a análise de performance em cenários distintos para tentar entender como se comportou no passado e tentar prever como poderá evoluir no futuro… Dado que estas reuniões se celebram periodicamente e que toda esta informação é arquivada pela Morningstar, haverá uma boa base para fazer o seguimento do produto, fornecendo informação de forma sólida e recorrente aos clientes da empresa que assim o desejem. “Provavelmente, esta ferramenta oferece mais informação do que o usuário poderá necessitar, mas pode-se reduzir e adaptar às necessidades concretas de cada um”, explica Javier Sáenz de Cenzano, diretor de análise da Morningstar para a EMEA.
Esse documento está enquadrado no ponto de análise da Morningstar. “Quando se analisa um produto, o que se tenta fazer é averiguar qual vai ser o seu comportamento futuro face aos seus concorrentes. Identificámos dezenas de variáveis que acreditamos que têm um carácter de previsão, que aglutinámos em cinco grandes blocos: a equipa gestora, o processo de investimento, resultados, empresa gestora e preço. O resultado final de todo este trabalho analítico é um relatório em que explicamos quais são as causas que nos fizeram chegar a esse rating final. Tem sete páginas e nelas são explicados os motivos para a nossa valorização e se temos uma opinião positiva ou negativa sobre cada um desses cinco pilares anteriormente mencionados. Este documento pode-se utilizar externamente, para informar os clientes, ou de maneira interna, para justificar os processos”, explica Sáenz de Cenzano.
Utilidades a nível interno
“A nível interno, as possibilidades são muito diversas. Por exemplo, em muitas ocasiões, os clientes não podem cobrir todos os fundos que querem e gostariam de incrementar o seu conhecimento sobre uma categoria concreta. Neste sentido, a cada dois meses, publicamos uma revisão completa de um tipo de ativo, onde explicamos quais são os nossos produtos favoritos nessa área, porque gostamos de cada um deles ou que aspetos devem ser tidos em conta na altura de investir nesse tipo de ativo. A análise da Morningstar e o acesso direto aos analistas também pode servir para ter uma segunda opinião, ao contar com um agente externo independente com uma visão crítica sobre quais são os seus próprios critérios, para entender as razões do bom ou mau comportamento registado por um produto ou para compreender as mudanças que se estão a produzir na indústria, tanto ao nível do gestor (quando se produz algum relevo) como das gestoras (operações de fusão, por exemplo)”.
Due diligence scorecards: um modelo de previsão 'made in USA'
O seguinte nível de serviço que a Morningstar oferece são as due diligence scorecards, um modelo através do qual a empresa de análise elabora um ranking de fundos com base em determinadas qualidades. Este modelo foi desenvolvido por uma equipa de análise da Morningstar em conjunto com uma equipa quantitativa da empresa sediada nos Estados Unidos, formada por 16 profissionais que se dedicam exclusivamente a fazer análises quantitativas em diferentes campos relacionados com os fundos de investimento. O seu objetivo é identificar variáveis que permitam antecipar o comportamento futuro de um produto a partir de um ponto de vista quantitativo. Uma vez identificadas aquelas que têm um caracter de previsão, é atribuído um peso a cada uma delas com o objetivo de chegar a uma pontuação final para cada um dos fundos, o que permite fazer rankings, ordenando-os por percentis e quartis.
A Morningstar desenvolveu quatro modelos diferentes, um por categoria de produto: ações, obrigações, mistos e fundos passivos. Os três primeiros permitem incluir fundos ativos e passivos na análise. O último modelo centra-se unicamente em fundos passivos e ETFs. As variáveis que utilizam também são diferentes. Nas categorias de ações, obrigações e multiativos, muitas variáveis repetem-se. No caso dos produtos de gestão passiva, as variáveis consideradas são diferentes. “Uma das vantagens deste modelo é que é maleável e o usuário pode selecionar o universo de fundos a incluir neste estudo. O cliente pode fazer a análise comparativa tendo apenas em consideração os fundos com os quais trabalha ou identificando a categoria ou universo que deseje”, afirma Sáenz de Cenzano.
O modelo funciona?
A empresa analisou o funcionamento deste modelo no passado. Para isso, aplicaram distintos back testings, começando por julho de 2008, para saber como tinha funcionado nos três anos seguintes, repetindo este exercício em todos os meses posteriores. O modelo faz um ranking dos fundos por quartis, permitindo conhecer que evolução registaram os produtos do primeiro, segundo, terceiro e quarto quartis, não só num determinado período, mas também em diferentes mercados.
“A conclusão é clara: os fundos que estão melhor pontuados no scorecard funcionam, em média, melhor do que os restantes em períodos seguintes. Aliás, ao utilizar variáveis qualitativas que os nossos analistas utilizavam no seu dia-a-dia na altura de analisar os fundos, o modelo é consistente e aqueles que contam com um rating gold, silver e bronze ficam, em média, melhor posicionados do que os neutrais ou negativos, logo o modelo replica de certa forma o processo de tomada de decisões dos nossos analistas”, conclui Sáenz de Cenzano.