E depois do adeus dos grandes gestores: como reagem os selecionadores de fundos?

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Christopher.Michel, Flickr, Creative Commons

Bill Gross, Michael Clements, Francisco Paramés, Iván Martín ou Firmino Morgado. Estes são cinco nomes de gestores que saíram nas últimas semanas das suas entidadesdeixando a liderança dos fundos que geriam... produtos que quase se pode ousar dizer que se confundem com o próprio gestor.

O que fazer quando esta situação acontece? A Funds People falou com alguns selecionadores das plataformas de fundos de investimento disponíveis em Portugal, em busca de respostas para esta questão.

Redobrar atenção

Sempre que um gestor sai de uma gestora, temos que colocar o fundo ‘em revisão’”, começa por revelar Rui Castro Pacheco, Head of Asset Management do Banco Best. “Situações como a saída de um gestor levam a que um fundo recomendado fique imediatamente sob atenção redobrada e a que seja feita uma análise da nova equipa que irá gerir esse fundo”, analisa Guilherme Cardoso, do ActivoBank. Já Rui Broega, Head of Asset Management do Banco BiG, afirma que a primeira "preocupação é perceber qual o impacto da equipa gestora por forma a poder projectar se a estratégia e mecanismos de gestão se mantém e em que medida serão impactados".

Gestor confunde-se com fundo

Quando  o investidor acredita que a gestão do produto é precisamente o reflexo do importante papel do gestor "estrela", as complicações de curto-prazo acabam por aparecer.

Quando existe um claro ‘cunho pessoal’ na gestão desse fundo, é natural que exista alguma perturbação no curto prazo”, justifica o especialista do Banco Best. “Estes casos têm a agravante de muitos investidores estarem no fundo sobretudo por acreditarem nos gestores”, destaca Guilherme Cardoso.

Apesar de ter algum impacto no curto prazo, Rui Castro Pacheco acredita que a “saída é no médio/longo prazo algo de prejudicial para o desempenho futuro do fundo, mas será sempre um ponto para reavaliar as nossas melhores escolhas”. O responsável da área de gestão de ativos do Best acredita ainda que estas situações devem seguir a máxima chinesa de que a ‘crise é sinónimo de oportunidade’. “A existirem fundos com um desempenho próximo daquele que acaba de perder o gestor, pode ser uma oportunidade de reavaliar e eventualmente realocar a posição“, conclui.

Para Rui Broega, "as recentes saídas de Gross e Firmino são alterações estruturais ainda que com contornos e impactos distintos. Num caso sai um elemento fundador  que apesar de histórico se encontra esgotado, no outro sai um indíviduo com um outro drive, que reanimou uma estratégia de investimento e que nos últimos anos tem estado com "mão quente" no mercado adicionando alpha nos últimos anos". O especialista do Banco BiG destaca ainda a calma dos mercados nestas situações e, aposta na diferenciação ao nível da gestão. "Por norma não existem razões para pânico em momentos imediatos de alteração de liderança. As principais casas de investimento sabiamente asseguram um backup que permita dar continuidade à estrutura. Não existem gestores insubstítuiveis. Existem apenas gestores diferentes. Se essa diferença será positiva para o resultado final, apenas com tempo o poderemos aferir", conclui.