Entre relvados e outros palcos (Marta Reis)
E ao primeiro dia de votação, o fumo que saiu da chaminé da Capela Sistina, foi como aquele que fazemos quando decidimos finalmente queimar a enormidade de papéis que fomos acumulando ao longo dos anos e que não servem para nada, simplesmente porque achamos sempre que algum dia podemos vir a precisar deles.
Mas o que estará em causa na escolha? A idade? A proveniência? A simpatia pela pessoa? A forma como pensa? E se pudessem escolher... ou opiniar sobre a escolha... o que valorizariam? Adaptariam os critérios usados para a escolha de altos quadros nas empresas, de gestores de topo? Mesmo não se tratando de uma empresa?
Ora, pois há quem tenha pensado nisso e manifestado ao colégio de cardeais a sua disponibilidade para dar “uma mãozinha”... Propõe então a Jason Associates, consultora especializada em ‘executive search’, em carta enviada para o Vaticano, partilhar a experiência adquirida “mesmo sabendo que esta será uma decisão de Fé, guiada como sempre pelo Espírito Santo”. Mas porque só ter fé que se está a fazer o mais correcto pode não ser suficiente, a consultora, neste trabalho desenvolvido pela agência BAR, lá vai dizendo aos cardeais que tem metodologias “focadas na selecção dos candidatos mais perseverantes, exemplares e inspiracionais para missões de liderança”.
Bom, não se sabe se a carta chegou a tempo da primeira votação, ontem, mas, certo é que não houve sintonia suficiente entre os cardeais... a fé e/ou a experiência não os guiou para o mesmo lado. Hoje é de dia de novas votações... e fumo? Haverá fumo branco num dia 13? Alguém supersticioso? O melhor é ficar de olhos postos na chaminé...