EFAMA ressalta problemas e injustiças no setor dos provedores de dados de mercados

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Créditos: Aaron Burden (Unsplash)

A associação europeia de fundos emitiu uma avaliação muito crítica sobre os provedores de dados de mercados. A EFAMA criticou num relatório as tarifas desproporcionadas e o poder que têm alguns players sobre a indústria. Em resposta a uma consulta lançada pela organização internacional da comissão de valores (IOSCO), a associação de fundos analisa problemas importantes que deteta.

Na sua opinião, a consulta IOSCO não toma em consideração os problemas relacionados com os provedores de dados. Cita explicitamente entidades como a Bloomberg, ICE ou a Refinitiv. “Na prática, os participantes do mercado enfrentam importantes problemas nas suas relações com os provedores de dados. Citam a inflação constante e a falta de transparência sobre tarifas, limitações de responsabilidade no caso de apresentarem dados incorretos. Também dificuldades para fazer uso interno de dados do mercado proporcionado pelos participantes do mercado, etc.”, criticam.

De facto, o tema dos custos é um dos pontos nos quais insistem. Defendem que os participantes do mercado enfrentam desafios relacionados com as tarifas de dados de mercado excessivamente altas e disposições sobre licenças de alguns provedores acima da inflação que são difíceis de justificar”, reprovam. “Não refletem o custo real de proporcionar esses dados”.

Monopólio entre os provedores de dados

Também criticam a formação de um oligopólio no setor. Insistem em que para proporcionar dados sobre uma base comercial razoável, as tarifas de dados de mercado deverão estar relacionadas com o custo de produção dos dados. “A existência de monopólios a nível de fonte de dados não um são um problema por si, mas o abuso de uma posição dominante por parte desses monopólios é”, sentenciam. Na sua opinião, a existência de monopólios combina-se com o uso obrigatório de dados de mercado para satisfazer requisitos regulamentares (melhor execução, classificação e relatório regulamentares). E isto derivou do facto de os participantes praticamente não terem influência na negociação de tarifas e outros termos contratuais com os centros de negociação regulados.

E o aumento dos custos está a ter um impacto direto na indústria de fundos. Segundo detetam na EFAMA, muitas entidades viram-se obrigadas a reduzir a compra de dados ao mínimo. “Por vezes a um nível abaixo do ótimo, não selecionando certos tipos de valores ou mercados, especialmente empresas mais pequenas e em mercados estrangeiros”, ressaltam. Isto está a traduzir-se numa diminuição dos níveis de concorrência transfronteiriça, menos integração do mercado, mercados menos informados, custos mais altos para os investidores e um potencial maior custo de capital. Isto é, que os altos custos da compra de dados acabam por distorcer os mercados de capitais eficientes.

Assim, a EFAMA sugere que a IOSCO desenvolva um guia de práticas. Especificamente, pede que a instituição reconheça que as bolsas têm um poder de mercado desproporcionado nos dados de mercado gerados a partir de ordens e operações realizadas.

O relatório completo pode ser lido aqui.