Em busca de uma estratégia de valor: os planos da Dolat Capital

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Com um claro enfoque numa especialização que será em fixed income, mais concretamente em risco de crédito e risco político, a Dolat Capital, a operar no mercado português desde o passado mês de abril, já tem planos sobre como será executada a estratégia interna. “In house, estamos a desenvolver uma estratégia para investir em fixed income, de forma global. Internamente queremos conhecer um conjunto de bonds – emitentes públicos e privados  - que consideramos ter valor. Tipicamente o risco político condiciona o risco económico, e o mercado frequentemente avalia mal esta influência”, sentencia Carim Habib, managing partner da entidade. Esta estratégia irá concretizar-se num fundo de investimento – atualmente a ser finalizado – em que a Dolat Capital atuará como investment advisor.

“Atualmente os Bancos Centrais estão a anestesiar o mercado com uma política de taxas de juro tão baixas, que mesmo nos países onde há mais risco, as taxas de juro estão em níveis muito baixos e o spread de crédito também apertou muito desde fevereiro”, diz, referindo que acredita, contudo, na existência de oportunidades. Na Dolat querem efetivamente ter uma estratégia de valor, encontrando a diferença “entre o valor intrínseco do ativo contra o seu valor de mercado”.

Para o managing partner “as verdadeiras oportunidades em fixed income estão sempre em histórias que o mercado não gosta: histórias de países em termos individuais, histórias de reestruturação, etc”.

Os riscos políticos na calha 

Sobre os riscos políticos inerentes até ao final do ano, Carim destaca, em termos de agenda, as eleições em novembro nos EUA. “A probabilidade de que Donald Trump vença as eleições é, em nosso entender, baixa”. Mesmo se esse risco se materializar, haverá um período “de volatilidade, mas curto, pois o mercado ajustar-se-á”.

Na Europa, por seu turno, lembra que no Reino Unido importa perceber se (e quando) é que a primeira ministra britânica vai “acionar o artigo 50º do Tratado de Lisboa. Também os próprios moldes de negociação da saída serão importantes, pois acabarão por criar alguma volatilidade”. A estabilização do preço do petróleo, embora não seja verdadeiramente um risco político, “também é importante monitorizar”, tal como as eleições em França.

“O elefante na sala, a China, menos transparente do que os outros países, também é importante ter em consideração”, relata.

Materialização do Brexit: oportunístico

No rescaldo do Brexit, Carim entende que há que olhar para a decisão de 23 de junho como uma oportunidade. “Acho que a materialização do Brexit irá trazer grandes oportunidades”, enfatiza. “Existiu uma transformação política no Reino Unido muito rápida, que o mercado não estava à espera, acompanhada de uma atuação muito eficiente do Banco de Inglaterra”. A volatilidade relativa ao Brexit, na perspetiva do profissional, poderá trazer grandes oportunidades em termos de investimento.