Em mês de Brexit, os investidores prepararam-se para a volatilidade

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dailywishes, Flickr, Creative Commnons

Junho de 2016 ficará seguramente para a História da Europa. “Apesar de uma votação renhida, tudo levaria a crer que a “permanência” iria vencer, no entanto, quando a poeira assentou os mercados europeus corrigiram em alguns casos mais de 5% e o Reino Unido começava a preparar a sua saída”, começa por assinalar João Graça, do ActivoBank, no seu habitual comentário mensal. Este evento não passou ao lado também dos próprios investidores de fundos das plataformas nacionais, entidades que disponibilizam para investimento, fundos de casas internacionais.

Isabel Soares, gestora de produto do BiG, assinala que ao longo do mês “a  possibilidade do desfecho do referendo no Reino Unido não ir de encontro às expectativas iniciais da generalidade dos agentes de mercado foi ganhando mais força”, o que acabou por condicionar as tendências e comportamento dos investidores. Muito embora não se possa ainda falar de uma reversão de tendência face a outros períodos, a profissional entende que a lista de mais subscritos de junho evidencia “alterações significativas relativamente aos meses anteriores”. Ressalva contudo que “as diferenças ao nível dos padrões observados na procura por fundos de investimento poderão, por isso, ser meramente temporárias”.

Foco na volatilidade

Do lado do BiG percepcionam por isso “uma preocupação por parte dos investidores pela procura de soluções mais adequadas a um cenário de maior volatilidade no mercado”. A esse nível encontra-se o Amundi Funds Absolute Volatility Euro Equities (que tem como objectivo proporcionar exposição à volatilidade dos mercados accionistas da Zona Euro), que conta com classificação Blockbuster Funds People, e ainda o Nordea 1 Global Stable Equity Unhedged (cuja estratégia passa pela implementação de um portefólio capaz de gerar rendimentos estáveis, reduzindo os níveis de volatilidade associados ao fundo, quando comparados com os que tradicionalmente se verificam ao nível de fundos de ações), com classificação BlockBuster e Consistente Funds People.

No caso do ActivoBank, João Graça também fala de uma proteção por parte dos investidores, que procuraram “fundos descorrelacionados com a Europa e o Reino Unido”, através de  “fundos Market Neutral, ligados ao setor do ouro ou em geografias cujo impacto do “Brexit” se estima menor”.

Não se mexe em equipa que ganha

No Banco Best o cenário foi ligeiramente menos conservador. Rui Castro Pacheco, head of asset management da entidade, indica que “num mês marcado por alguma expectativa quanto ao referendo no Reino Unido e, nos últimos dias, por uma correção e posterior recuperação nos mercados acionistas, não registámos “curiosamente” qualquer fundo de obrigações no top dos mais subscritos”. Os fundos mistos continuaram a ser tendência dominante – sendo os fundos mais conservadores do top. Logo nos primeiros lugares figuram “duas estratégias muito procuradas pelos clientes”: o Nordea Stable Return com selo Funds People Favorito, Blockbuster e Consistente e o MFS Global Total Return, com classificação Blockbuster Funds People

Num patamar mais intermédio, no Banco Best sentiram uma “forte presença em fundos que investem em empresas com negócios relacionados com o Ouro, um ativo visto como de refúgio pelos investidores”. O profissional explica que “para além de diversificarem as suas preferências pelas gestoras Franklin Templeton e BlackRock, os clientes também optaram por duas versões destes mesmos fundos ao nível da moeda base, tendo alguns investido em USD, assumindo risco cambial e eventual valorização face ao EUR, e outros investindo em versões com cobertura cambial para o EUR”. Por fim, e ao nível dos fundos de ações, a Europa continuou a ser privilegiada. Destacam-se duas opções da MFS, “uma sobre empresas consideradas Value e outra sobre pequenas e médias empresas”. Os clientes da entidade consideraram ainda “um fundo da Franklin Templeton que investe no setor das biotecnologias e um fundo da Invesco que investe em empresas nipónicas de pequena e média capitalização”.

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