As gestoras internacionais revelam qual o fundo de ações ao qual vão dar mais enfâse no próximo ano. Este é o resultado de um questionário realizado pela Funds People aos responsáveis de vendas destas entidades.
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A bolsa europeia pode dizer-se que é uma das grandes apostas das gestoras internacionais para 2015. De um universo de 11 empresas questionadas seis elegeram um produto de ações europeias como favorito para o ano que agora começa. Por outro lado são duas as casas que põe a tónica num produto que investe em ações americanas, enquanto as ações emergentes são o foco dos fundos indicados por outras duas gestoras.
Se Nuria Trio tivesse que optar por um dos produtos da gama da Amundi para 2015, a eleição para a diretora geral adjunta da gestora seria o Amundi Funds Equity Emerging World. “Acreditamos que em 2015 haverá oportunidades nas ações emergentes; a queda dos preços das matérias-primas proporciona margem de manobra aos países importadores, especialmente de energia; mas dadas as disparidades económicas e políticas, o enfoque nesta classe deve ser muito seletiva quanto a países, sectores e às ações. O fundo é gerido de forma proactiva e diversificada, baseada principalmente em análises fundamentais que refletem as convicções da equipa de gestão, que conta com larga experiência. O risco é controlado de forma constante para refletir as convicções e o nível de confiança em cenários definidos pela equipa de investimento, prestando-se atenção à liquidez e ao risco cambial, que é gerido de forma ativa,”, explica.
A escolha para 2015 de Luis Martín, diretor de vendas da BlackRock para a Ibéria, é um produto de ações europeias: o BGF European Equity Income, um fundo gerido por Andreas Zoellinger e Alice Gaskell. “É provável que as prioridades de investimento dos clientes evoluam à medida que a sua vida avança, desde do incremento do seu património quando são mais jovens até à obtenção de ganhos regulares de forma a satisfazer as suas necessidades financeiras numa etapa mais avançada da sua vida. No entanto, as taxas de juro baixas e a crescente volatilidade do mercado podem implicar que seja necessário encontrar novas formas de alcançar os objetivos. Para aqueles que estão preparados para assumir riscos, parte da solução poderá ser o investimento em ações”. Nesse sentido, da entidade consideram que a Europa é um destino de investimento muito atrativo para os que procuram rendimentos, por ser um mercado extenso e com liquidez, com uma rendibilidade por dividendo das mais altas nas regiões desenvolvidas e com muitas empresas de qualidade e bem dirigidas, e ainda com exposição ao crescimento mundial.
Da Deutsche Asset & Wealth Management são otimistas quanto às ações para 2015. “Temos de destacar que haverá uma maior volatilidade, mas pensamos que surgirão oportunidades muito interessantes para este tipo de ativos, principalmente nas ações europeias, onde podemos falar de valorizações muito atrativas”, assegura Luis Ojeda, responsável da gestora para Portugal e Espanha. Nesta perspetiva, a sua recomendação seria o Deustche Invest I Top Euroland, um fundo de ações que investe em empresas com balanços robustos e modelos de negócio sólidos que contam com equipas de direção prudentes. Os preços das ações dessas empresas, por razões táticas, oferecem oportunidades de compra com potencial de crescimento a longo prazo. “Isto leva a uma seleção de empresas com modelos de negócio que se apoiam em tendências estruturais de crescimento e que se encontram num ponto de inflexão positivo na sua dinâmica de resultados de negócio (momentum em preço, revisões de analistas,...). Desta forma constrói-se uma carteira de alta convicção (40 a 60 ativos) com apostas a longo prazo com baixa rotação, centrada em empresas de crescimento e de qualidade, combinadas com a gestão ativa em sectores e países”.
O fundo escolhido por Sebastián Velasco, diretor geral da Fidelity Worldwide Investment para Espanha e Portugal, para 2015, é o Fidelity Funds Global Dividend. O fundo investe em empresas de todo o mundo que pagam dividendos atrativos. O gestor afirma que os Estados Unidos representam o mercado mais caro, enquanto os preços na Europa e nos mercados emergentes são mais atrativos. Quanto ao Japão, pensa que voltou a mover-se, depois de 25 anos em que a direção era diferente. De qualquer das formas acredita que se perde objetividade com as avaliações gerais. Enfatiza que a concentração deve estar em valores individuais, criando assim uma carteira baseada nos fundamentais. O gestor centra o seu esforço em identificar empresas cujos lucros parecem sustentáveis, para se apoiar em dividendos regulares e saudáveis. É relativamente cauteloso sobre o conjunto do mercado, mas procura sempre oportunidades com um perfil de risco-retorno atrativo.
Ramón Pereira aposta para o próximo ano no Franklin US Opportunities, um fundo de ações americanas. O responsável da entidade para a Ibéria considera que os Estados Unidos se encontram a meio de um renascimento da sua manufaturação, o que será um catalisador do mercado. “Pela mão do gás de xisto, óleo de xisto, energia mais barata e a percepção de que o abastimento está assegurado para os próximos anos, muitas indústrias voltaram a investir em solo americano. Se olharmos para as valorizações podemos pensar que a bolsa está com preços razoavelmente altos, mas, se considerarmos que a economia continuará a crescer e com ela os lucros das empresas, as expectativas para as bolsas são muito positivas para os próximos anos. Da Franklin Templeton consideramos que este renascimento da manufaturação está muito ligado ao desenvolvimento tecnológico. Portanto, apostamos num fundo growth com um bias importante para a tecnologia e inovação”.
Javier Dorado, responsável da J.P. Morgan AM para Espanha e Portugal, escolhe o JPM Europe Equity. “Durante os últimos anos o mercado de ações americano mostrou um comportamento muito superior ao europeu, graças a um retorno macroeconómico muito favorável, uma política monetária muito agressiva e uma forte recuperação dos resultados empresariais. Durante este período, a Europa sofreu algumas crises institucionais, que puseram em causa a viabilidade do projeto económico e político da União e também a recessão económica que atingiu muitos dos estados membros. Agora estamos num cenário onde o crescimento na Europa vai ser moderado, mas suficiente para que as empresas cresçam num ambiente favorável. As valorizações do mercado europeu são atrativas e, finalmente, o BCE parece decidido a mover-se. Por todas estas razões pensamos que o mercado europeu pode comportar-se bem a médio prazo. O JPM Europe Equity é um fundo com excelente rendibilidade, com uma equipa de grande experiência e um processo de investimento com comprovada solvência. É um estratégia ‘core’ que quer bater o índice de referência com algum controlo de risco”, explica Dorado.
“Acreditamos que estamos num bom momento para entrar nas ações europeias, porque oferecem valorizações atrativas que consideramos que configuram uma boa oportunidade a longo prazo face a outros mercados. O ponto chave é conseguir controlar a volatilidade e gerir o risco, já que são duas das maiores preocupações dos investidores na atualidade”, diz da Natixis Global AM, Sophie del Campo. O fundo em que a diretora geral da entidade para Iberia, América Latina e US Offshore aposta em 2015 é o Seeyond Europe Min Variance. É um produto que seleciona as ações menos voláteis da Europa e menos correlacionadas entre si. “Esta estratégia permite ao investidor controlar o risco através de uma carteira investida 100% em ações, mas construída de maneira sistemática selecionando as empresas europeias que oferecem menor volatilidade. O fundo é gerido pelos maiores especialistas de volatilidade no mercado na Seeyond, da área que se dedica à volatilidade na Natixis AM. Consideramos que é um bom momento de entrada no fundo, já que o seu perfil adaptativo – que combina tanto a volatilidade de longo prazo, como a de curto prazo, faz com que seja capaz de sair dos sectores que estão a entrar em bolhas especulativas, ao mesmo tempo que favorece aqueles que de alguma forma ficaram para trás.
A grande aposta para 2015 de Laura Donzella, responsável de vendas da Nordea para Iberia e América Latina é o Nordea 1 – Emerging Stars Equity Fund. Trata-se de um fundo de mercados emergentes globais que investe nas empresas que estão melhor posicionadas para aproveitar as oportunidades de crescimento estrutural geradas pelas mudanças demográficas, tecnológicas, de sustentabilidade e da globalização. O seu processo de investimento combina a análise fundamental bottom up com um filtro ativo de critério ambientais, de responsabilidade social e de governo corporativo (ESG), que ajuda a identificar e a gerir melhor os riscos típicos dos mercados emergentes. “Num contexto repleto de incertezas económicas (preço do petróleo), políticas (eleições) ou sociais (protestos pró-democracia), o velho enfoque de investimento em mercados emergentes (BRICS) não nos parece atrativo para os investidores. Uma carteira concentrada em empresas de crescimento (GARP – Growth at Reasonable Price) com um bias de alta qualidade, é a melhor maneira de ganhar exposição ao potencial de subida a longo prazo que é independente do ruído de mercado a curto prazo”, assegura
A bolsa americana marcou máximos em 2014. Beneficiou de um maior crescimento da economia americana e de um ritmo mais lento no crescimento das economias europeia e japonesa. É um facto que tem sido a bolsa dentro do mundo desenvolvido que se continua a comportar melhor. No entanto, lembre-se que o mercado acionista europeu era o favorito da maioria das gestoras em 2014 face ao norte-americano. A visão de Isabel de Liniers, responsável de vendas para Portugal, da Pioneer Investments, e de Teresa Molins, diretora de vendas de clientes institucionais da entidade, é de que a economia americana se está a converter a nível energético numa economia quase autossuficiente por causa de todos avanços tecnológicos que têm registado nos últimos anos e ainda por causa do gás de xisto, enquanto as medidas de política monetária levadas a cabo pelos vários bancos centrais estão a apoiar o dólar, pelo que um investidor europeu poderá beneficiar de uma apreciação do dólar face ao euro. A proposta da entidade é o Pioneer Funds- U.S. Fundamental Growth. “O estilo de gestão do fundo pode ser comparado ao caminhar de uma tartaruga: lento, mas firme e constante. Trata-se de uma carteira concentrada com 35 a 40 títulos. Seleciona empresas de crescimento, que sejam capazes de gerar fortes retornos sobre o capital ao longo do tempo e de muita qualidade. Tem um especial enfoque na qualidade do crescimento e na sua sustentabilidade, e não tanto no crescimento do EPS. “O Pioneer Funds - U.S. Fundamental Growth, mais do que pensado para se destacar nos momentos de subidas do mercado, está também concebido para resistir aos momentos de queda. Este será um dos pontos fortes deste fundo”.
As ações mantêm-se como o ativo favorito para 2015 de Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha. “Dentro das ações uma das nossas apostas são as europeias, já que consideramos que estão reunidas as condições favoráveis para este mercado: o enfraquecimento do euro, que é positivo para as empresas exportadoras, o impacto das medidas reformistas em alguns países periféricos (sobretudo Espanha e Portugal), um sistema financeiro que depois do último AQR parece ter as suas necessidades de capital cobertas para reativar o crédito na Europa, e o apoio do BCE. Perante estes acontecimentos acreditamos que a seleção de títulos continua a ser essencial. O Schroder ISF European Opportunities, gerido por Steve Cordell, é uma boa eleição dentro deste ativo já que combina o posicionamento de cada país no ciclo económico juntamente com um rigoroso procedimento de seleção de ativos. O gestor divide o universo de empresas em sete sectores (crescimento, crescimento defensivo, valor defensivo, serviços financeiros, consumo cíclico, matérias primas cíclicas e industrias cíclicas) e dependendo de onde se encontrem no ciclo económico, é definido o peso de cada título. Por exemplo, as empresas cíclicas têm uma correlação positiva com o ciclo económico e são sobreponderadas nas fases de recuperação e expansão. As empresas defensivas, por seu lado, têm uma correlação negativa com o ciclo económico e são subponderadas em fases de desaceleração e recessão. Este enfoque único permite-nos adaptarmo-nos às mudanças de ciclo”.
No universo das ações Juan Infante elege o UBS (Lux) Equity Sicav – European Opportunity Unconstrained. O responsável pela UBS Global AM para Ibéria explica que se trata de um fundo de gestão ativa que investe principalmente em ações europeias de grandes empresas, podendo também incluir em carteira empresas de pequena e média capitalização. “O fundo conta com uma grande liquidez, permitindo a sua estratégia o uso de derivados. Têm existido muitas oportunidades na Zona Euro ao longo da crise da dívida e o facto de poder ter posições curtas ajudou bastante na proteção da rentabilidade da carteira”, assegura. O processo de investimento baseia-se em três pilares: análise fundamental, análise qualitativa e análise quantitativa. O seu objectivo é encontrar as melhores oportunidades do mercado através de uma série de fontes de informação, sem restrições em termos de países ou sectores.