Emissão de dívida desta semana enquadra-se nas expectativas dos especialistas para a evolução da política monetária

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Portugal foi esta quarta-feira ao mercado para emitir 914 milhões de euros de dívida de longo prazo - 622 milhões a 9 anos e 292 milhões a 16 anos - com o montante total a ficar aquém dos 1.000 milhões de euros a que o IGCP se propunha.

Filipe Silva, diretor de Investimentos do Banco Carregosa indica que face ao último leilão comparável, na emissão a 9 anos, tivemos uma descida no prémio de risco de 0,237% para os 0,127%. “A tendência descendente nas yields da dívida soberana tem-se mantido desde maio, o que permitiu taxas mais baixas na emissão de hoje”, pelo que “teremos de assistir a uma recuperação evidente da atividade económica como um todo, para podermos assistir a uma real inversão desta tendência nas taxas de juro de longo prazo”, comenta o especialista.

Perspetivando a manutenção das condições favoráveis e na mesma linha de Filipe Silva, Luís Andrade, CFA, gestor na IM Gestão de Ativos comentava recentemente que apesar da recuperação económica europeia, especificamente o investimento, conta “com o contributo positivo dos fundos comunitários correspondentes ao Plano de Recuperação e Resiliência Europeu, cujos montantes de subvenções começarão a ser desembolsados ao longo do período em análise” será “provável que o nível de atividade económica da região permaneça abaixo do registo pré-Covid, pelo menos até ao final de 2021”. Para Portugal, Luís Andrade fala de projeções “igualmente otimistas, embora se mostrem mais vulneráveis à retração pandémica, face à sensibilidade da recuperação do consumo privado e principalmente das exportações relacionadas com a atividade turística”.

Carlos Pinto, senior investment manager na Optimize Investment Partners também não vê no horizonte de curto ou médio prazo uma normalização da política monetária na zona euro pelo que “por enquanto, não se discute qualquer reversão das atuais políticas acomodatícias. O atual programa de compras 1,85 triliões de euros de obrigações vai continuar até março do próximo ano e é assumido que vão continuar a comprar ativos para além do término da atual crise”. 

Já sobre os riscos inflacionistas, o profissional da Optimize IP aponta que “eventuais picos inflacionistas acima de 2%, serão temporários, devendo terminar o ano nos 1,9% e 2022 em 1,5%. Enquanto a inflação não estabilizar nos 2%, não se espera reversão das atuais políticas monetárias na zona euro”.