As eleições norte-americanas e a crise chinesa, as duas incógnitas. Chris Chan, gestor do fundo com Rating FundsPeople em 2024, o New Capital Asia Future Leaders, apresenta a sua estratégia para aproveitar as oportunidades mais atrativas da região (excluindo o Japão).
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As eleições norte-americanas estão a criar incerteza nos mercados emergentes e na região asiática em particular, que poderá ver-se impactada se o resultado das urnas der lugar à reeleição de Donald Trump. “O apoio bipartidário aos projetos de lei contra a China mostra que, independentemente de quem for eleito, não é provável uma mudança de postura”, alerta Chris Chan, gestor do fundo com Rating FundsPeople em 2024, o New Capital Asia Future Leaders.
“No entanto, uma vitória de Trump poderá resultar em maiores inconvenientes para a China se este seguir com a sua ameaça de aumentar significativamente as tarifas de importação”, continua. “Durante o primeiro mandato de Trump, vimos que grande parte das importações norte-americanas que substituíram as chinesas beneficiaram outros países asiáticos como a Coreia do Sul, a Índia e o Sudeste Asiático. Isto criou oportunidades de investimento em áreas de exportação que não eram evidentes antes de Trump”, afirma.
Implicações de Trump e das taxas da Fed
Às incógnitas relacionadas com a votação soma-se um segundo fator que pode influenciar as economias asiáticas: a descida de taxas da Fed. “Historicamente, um ciclo de flexibilização de taxas nos EUA causa o debilitamento do dólar, o que é positivo para as ações dos mercados emergentes asiáticos”, prossegue o gestor. “Em particular, os mercados da ASEAN, como a Indonésia e as Filipinas, subiram após os cortes da Fed, visto que as suas divisas tinham mais margem para seguir o seu próprio ciclo de flexibilização”, analisa.
A opinião do consenso é que a eleição de Trump poderá conduzir a um dólar mais forte (portanto, mais negativo para as ações asiáticas), enquanto a eleição de Harris poderá conduzir a um dólar mais débil (mais positivo). Mas para além do apoio de um dólar potencialmente mais débil, o estímulo a que a China deu início recentemente para impulsionar a sua economia também poderá beneficiar toda a região. “Se começarem a ter um impacto positivo nos setores imobiliário e de consumo, poderão ajudar a impulsionar a rentabilidade das ações asiáticas. Isto em combinação com mercados como a Índia, que oferece o maior crescimento do PIB e dos lucros de todos os grandes mercados para o futuro”, afirma.
Os problemas da China
Apoio monetário através dos bancos estatais. Novas medidas para ajudar o mercado imobiliário. Uma política de incentivos comerciais centrada no consumidor e destinada a estimular a procura. Estas são algumas das novas ações empreendidas por Pequim para reativar o dragão. Mas não é a primeira intervenção deste tipo por parte do governo, e as medidas anteriores proporcionaram pouco alívio. Por isso, segundo Chris Chan, as autoridades terão de ser mais agressivas nos seus estímulos fiscais aos consumidores e ao investimento, e também terão de reduzir o stock de habitações a um ritmo mais rápido para que a economia, no seu conjunto, comece a melhorar.
“Enquanto não ocorrer um efeito de riqueza positivo através da estabilização ou do aumento dos preços da habitação, juntamente com um mercado de ações mais forte (apoiado pelos fundos de estabilização anunciados), a despesa dos consumidores não vai recuperar”, alerta. “Visto que os fundamentais descendentes e ascendentes na maioria das áreas da China continuam débeis mas as valorizações são favoráveis devido ao claro apoio do governo, continuamos relativamente neutros na China por agora, mas com um viés em alta mais provável para o futuro se as ações tiverem um impacto positivo”, afirma o gestor.
Onde estão as oportunidades na Ásia
Segundo a análise de Chris Chan, as melhores oportunidades na Ásia estão repartidas por todos os mercados e setores. “Na Coreia do Sul, vemos que os fabricantes ganham quota de mercado mundial em áreas como a cosmética e a estética. A Coreia do Sul também é líder mundial em transformadores para redes elétricas, que escasseiam em todo o mundo devido à construção de fábricas renováveis e à procura por centros de dados de IA”, explica.
Em Taiwan, identifica muitas empresas de hardware informático que estão a beneficiar da expansão da inteligência artificial. “Na Índia, vemos excelentes oportunidades em empresas industriais com uma forte procura nacional e de exportação, visto que os clientes globais se estão a afastar da China”, acrescenta. Por último, nos mercados chineses, a atenção centra-se nas empresas de internet de grande capitalização: “Negoceiam com valorizações baixas, mas têm mais alavancas para aumentar as margens, enquanto outras empresas de consumo lutam contra o débil contexto macro atual”, argumenta.
Caraterísticas da estratégia
A estratégia Asia Future Leaders da New Capital, uma boutique de gestão que faz parte da EFG AM, tem como objetivo identificar líderes de mercado, mas sobretudo futuros líderes, em diversos setores de matérias-primas na região asiática (excluindo o Japão). “Trata-se das empresas que estão a ganhar quota nos seus respetivos mercados e que têm a capacidade de aumentar a sua rentabilidade sobre o capital investido (ROIC) à medida que crescem”, explica o gestor. “É esta taxa de melhoria do ROIC que, na nossa opinião, impulsionará os preços das ações a médio e longo prazo. Em particular, procuramos empresas com uma gestão de qualidade e provas de uma inovação superiores às das dos seus concorrentes, quer se trate de uma vantagem competitiva no desenvolvimento de produtos, quer do marketing, da distribuição ou da tecnologia”, continua. “Investimos em empresas que acreditamos terem uma clara escalabilidade, com margem de crescimento das receitas em todos os mercados geográficos com o seu produto ou serviço principal para beneficiarem de uma baixa penetração e, portanto, uma longa linha de crescimento do mercado”, afirma.
Atualização da carteira
Nos últimos meses, a equipa de gestão acrescentou seletivamente exposição aos mercados da ASEAN. “Muitos títulos da região negociavam em mínimos de cinco anos, com um catalisador macro procedente da aceleração da flexibilização permitida pela atuação da Reserva Federal e um potencial debilitamento do dólar norte-americano para beneficiar”, explica Chris Chan. “Continuamos positivos em relação à Índia com uma pequena sobreponderação, embora o mercado, em muitas áreas, esteja bastante caro. Portanto, estamos a acrescentar apenas ao que vemos como estando para trás em termos de qualidade mas que acreditamos tem potencial de recuperação”, prossegue.
“Continuamos ligeiramente subponderados em Taiwan, mas, dentro deste mercado, favorecemos as pequenas capitalizações de qualidade que consideramos estarem bem posicionadas na cadeia da IA”, acrescenta. “Estamos neutros na Coreia do Sul, centrando-nos em nomes exportadores de uma ampla gama de setores. Também estamos neutros em Hong Kong/China, onde as valorizações favoráveis e as medidas políticas se veem contrabalançadas pela contínua deterioração dos fundamentais em áreas-chave como os preços imobiliários e a despesa dos consumidores”, conclui.