“ESAF realizará esforço na promoção de fundos de pensões abertos como veículo de poupança de longo prazo”

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Cedida

O CEO da sociedade gestora considera que a descida nas taxas nos depósitos será um ponto positivo para a indústria, levando os investidores a diversificar na procura de melhores retornos, referindo, no sentido oposto, a transposição da UCITS IV que, com o texto proposto pelo regulador nacional, “trará constrangimentos adicionais à actividade das gestoras”.

Quais as perspetivas para a indústria em 2013? 

Apesar da nossa expectativa de que os mercados financeiros tenham um comportamento menos volátil do que o observado em 2012, é ainda difícil antever com um grau de certeza elevado qual a perspetiva para a indústria nacional de gestão de ativos. O atual contexto nacional implica que esta indústria, pelo menos durante o ano de 2013, seja ainda afetada, positiva e negativamente, por diferentes fatores. O primeiro ponto positivo será, claramente, a continuação da tendência de redução das taxas de juro pagas em DP’s o que, potencialmente, levará os investidores a diversificar os produtos em que investem as suas poupanças com o objetivo de obter rendibilidades mais interessantes. Outro fator positivo será a manutenção (ou aumento) das taxas de poupança dos particulares face aos níveis que existiam antes da crise financeira. Do lado negativo temos os impactos que a atual política fiscal terá no rendimento disponível dos aforradores, a concorrência acrescida do Estado consubstanciada na disponibilização de uma nova gama de produtos de poupança de médio e longo prazo, com taxas potencialmente atrativas, que vai para além dos certificados de aforro atualmente existentes. Outro fator com potencial impacto negativo, será a transposição da Diretiva UCITS IV para a legislação nacional. O texto proposto pelo regulador nacional vai para além da simples transposição da Diretiva e terá como consequência, por um lado, a imposição de constrangimentos adicionais à atividade das sociedades gestoras nacionais e, por outro, a menor capacidade concorrencial das mesmas face às suas congéneres europeias. Este facto poderá levar à deslocalização da atividade para outras geografias.

Quais os focos da gestora para este ano, nomeadamente políticas de investimentos, e objectivos, em termos de expansão e evolução do valor dos ativos sob gestão?

A ESAF manterá uma estratégia de simplificação e inovação da sua oferta dentro do contexto atual, nomeadamente, através de fundos que invistam em valores mobiliários de emitentes nacionais. No entanto, o enquadramento regulatório e fiscal em Portugal terá, com certeza, um impacto crucial nas decisões de construção e domiciliação dos novos fundos. Paralelamente, a ESAF realizará um esforço elevado, na promoção de fundos de pensões abertos e na sua utilização pelas empresas e respetivos trabalhadores como veículo ideal de poupança de longo prazo e continuará também a aposta na internacionalização da sua atividade, nomeadamente em Espanha, no Luxemburgo e no Brasil.

Indique uma ou duas ideias que contribuiriam para dinamizar o mercado de fundos em Portugal...

Tendo em consideração o facto de que o resultado da atividade de investimentos resulta numa forma de financiamento da atividade económica, pensamos que deveriam ser criadas condições que potenciassem ainda mais esta atividade a nível nacional, no pressuposto, claro, que existe interesse por parte dos aforradores em canalizar as suas poupanças para ativos nacionais. A gestão de ativos deve estar naturalmente associada a este processo dado o seu caráter de investidor institucional. Nestes termos, a criação de um mercado nacional de dívida de curto, médio e longo prazo de emitentes nacionais mais simplificado e a regulamentação apropriada da atividade de gestão de ativos nacional para esse objetivo seriam medidas muito dinamizadoras e importantes, quer para o mercado de fundos, quer para a economia portuguesa.