ESG: o que mudou um ano após a introdução das orientações da ESMA sobre as denominações dos fundos

sustentabilidade ESG
Créditos: v2osk (Unsplash)

Há um ano, exatamente a 14 de maio de 2024, a ESMA publicou o seu relatório final sobre os fundos que podem utilizar o termo ESG ou relacionado com a sustentabilidade na sua denominação. Nesse documento, a autoridade europeia identificou um limiar mínimo de 80% de ativos sustentáveis para que um fundo possa ser identificado como especificamente ESG a partir da sua designação.

A notícia, que pôs em movimento as sociedades gestoras diretamente envolvidas (influenciando também a sua estratégia de marketing e comunicação), resumia o objetivo de Bruxelas no processo de luta contra o greenwashing e dava um prazo até 21 de maio de 2025 para se adaptarem às exigências ou mudarem de nome. Ora, com o fim do prazo de cumprimento, verificou-se que o universo de fundos abertos e ETF afetados pelas orientações da ESMA tinha diminuído apenas 8%, para 4.220 fundos. Este número resulta de uma análise da Sustainalytics, disponibilizados pela Morningstar, que especifica que, dos 880 fundos da UE (19% dos que estão sujeitos às diretrizes) que fizeram o rebranding, 508 retiraram totalmente o termo ESG da sua denominação, 304 substituíram-no e 68 acrescentaram-no. Os fundos Artigo 8º foram os mais afetados pelo rebranding (89%), seguidos dos fundos Artigo 9º (8%) e dos fundos Artigo 6º (3%).

No entanto, os mais afetados pelas orientações foram os fundos passivos. A Morningstar salienta que “foram afetados de forma desproporcionada” e representam um terço dos produtos que sofreram rebranding: “Mais do triplo do seu impacto no universo de fundos sujeitos a SFDR”. Embora entre os fundos que eliminaram as referências ESG, cerca de 200 (40%) adotaram alternativas que não são explicitamente ESG, como screened, select ou committed, o que indica que as gestoras continuam a querer comunicar as caraterísticas de sustentabilidade através do nome da estratégia do fundo. De tal forma que, salientam os analistas, “os termos mais retirados são ESG (havia 1.260 fundos com este termo no ano passado, agora são 983) e sustentável, enquanto expressões como climate, transition, screened e Paris aligned ganharam popularidade”.

As gestoras adotaram estratégias diferentes para cumprir as orientações. Algumas efetuaram alterações mínimas, como o desinvestimento em empresas que não cumprem os requisitos. Outras optaram por um rebranding, alterando ou eliminando os termos ESG, com ou sem alterações na carteira. Numa análise da composição das carteiras atualizada até março de 2025, a Morningstar observa que o impacto das regras de exclusão previstas nas orientações já é visível. “O número de fundos que detêm títulos ligados a controvérsias diminuiu em relação há um ano. É provável que alguns títulos continuem a ser desinvestidos, enquanto outros podem permanecer na carteira devido a diferentes interpretações das regras e alterações nas fontes de dados”.