Há 12 indicadores que tradicionalmente ajudam a prever um abrandamento económico e outros nove que medem uma recuperação.
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Continuamos imersos numa recessão ou estamos às portas de uma expansão económica? Em março de 2020 o consenso via muito clara a primeira opção, o de uma forte contração, mas apenas meses depois o pensamento geral mudou para o otimismo. O que dizem os indicadores? Para Jeff Schulze, diretor de estratégia da Clearbridge Investments, os ativos americanos tocaram no fundo de uma forma clara. A gestora tem um indicador próprio da recessão-recuperação, o Recession Recovery Dashboard. Isto é o que diz sobre a economia dos Estados Unidos.
Primeiro, podemos questionar de uma perspetiva da solidez da recuperação. Nove variáveis historicamente foram bons indicadores da durabilidade da mesma. Como se pode ver no gráfico seguinte, em março de 2020 tudo apontava claramente para uma recessão. Mas a maré já tinha mudado em junho, quando fatores como a confiança do consumidor e os negócios, assim como as políticas da Reserva Federal já apontavam para uma melhoria da situação económica. E foi melhorando. Até que em setembro de 2020 os sinais indicavam que os Estados Unidos estavam em fase de expansão. E assim se mantém no fecho de dezembro.
“Muitos questionavam que forma teria a recuperação desta crise. Vemos esse tão ansiado V nas vendas ao retalho”, conta o especialista. Durante a bolha das dot.com demorou 16 meses até ser recuperado o nível de vendas; durante a crise de 2009 foram necessários 34 meses. E na crise da COVID-19? Bastaram seis meses para voltar ao pico de vendas. É uma tendência suportada pelos lucros empresariais. Como bem recorda Schulze, a temporada de lucros surpreendeu pela positiva não só no segundo trimestre de 2020, mas também no terceiro. Recentemente chegou uma nova confirmação por parte dos PMI da indústria dos EUA, que se situou nos 67.9. “É um grande número que nos convida a pensar num cenário otimista para o investimento em capital”, interpreta Schulze.
Mas de uma perspetiva de uma recessão também não encontramos indicadores que apoiem o contrário. Das 12 variáveis que historicamente adiantaram uma recessão, há poucas áreas de preocupação. De facto, o sinal geral durante os últimos três meses é que estamos em fase de expansão. E em dezembro até melhoraram as margens empresariais.
Até a recente debilidade do mercado laboral não assusta Schulze. “Se eliminarmos a perda de empregos de setores diretamente afetados pela pandemia na realidade foram criados 340.000 empregos em dezembro. Quando a economia puder voltar à normalidade, na segunda metade do ano, são postos de trabalho que se recuperam facilmente. Não julgo que se vão criar cicatrizes duradouras”, analisa.