Na última década, os mercados emergentes mudaram radicalmente: a Índia lidera enquanto o Brasil perde terreno. Há empresas que contribuem significativamente para a rentabilidade do MSCI EM, representando mais de 40% da rentabilidade do índice.
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No dinâmico mundo financeiro, os mercados emergentes estão em constante transformação, oferecendo tanto promessas de crescimento acelerado como desafios da volatilidade global. A composição do índice MSCI Emerging MArkets (MSCI EM) evoluiu significativamente na última década, marcando uma mudança nas geografias e setores que lideram este espaço. Países como a Índia, a China e Taiwan ganharam protagonismo, enquanto outros, como o Brasil, perderam terreno.
Os desempenhos individuais dos títulos mais destacados, como a TSMV com uma rentabilidade de 87,7% no final de novembro, contrastam com as quedas significativas da Samsung (em moeda local -30%). Estes resultados refletem como os fatores macroeconómicos e políticos, incluindo a força do dólar e as políticas comerciais, continuam a moldar o panorama dos investimentos, e que também existem algumas Magníficas nos mercados emergentes.
Rentabilidade YTD | Ponderação 30/11/24 | |
MSCI Emerging Markets Index | 13,11% | |
Taiwan Semiconductor Manufacturing Co Ltd | 87,70% | 8,35% |
Tencent Holdings Ltd | 44,14% | 3,67% |
Samsung Electronics Co Ltd | 6,67% | 2,05% |
Alibaba Group Holding Ltd | 20,61% | 1,94% |
HDFC Bank Ltd | 5,29% | 1,33% |
Meituan | 107,45% | 1,19% |
ICICI Bank Ltd | 35,12% | 0,89% |
Infosys Ltd | 29,62% | 0,81% |
Reliance Industries Ltd | 1,25% | 1,03% |
Hon Hai Precision Industry Co Ltd | 95,37% | 0,83% |
Media Top 10 | 43,32% | 22,08% |
No entanto, cálculos realizados pela equipa de Análise da FundsPeople mostram que, a longo prazo, essa elevada contribuição para a rentabilidade do MSCI EM das 10 principais ações, de 43,32%, diminuiu para 5,34% a três anos e para 11,21% a cinco anos (com dados a final de novembro).
Transformação das lideranças nos mercados emergentes
O índice MSCI EM sofreu alterações significativas na última década. Em 2010, o Brasil dominava com um peso de 16%, mas em 2024 a sua presença foi reduzida para 3,4%. Em contrapartida, a Índia lidera agora com 19,9%, ultrapassando a China, que possui uma ponderação de 16,9%. Esta mudança reflete o dinamismo das economias asiáticas e a sua capacidade para se adaptarem a tendências globais como a tecnologia e o crescente consumo interno.
Vladimir Oleinikov, analista quantitativo da Generali Investments, observa que esta redistribuição também impulsionou uma maior concentração nos 10 principais títulos do índice, cujo peso passou de 17% em 2010 para 26% em 2024. Embora esta concentração possa aumentar a volatilidade, também oferece oportunidades para aqueles que se concentram numa análise fundamental robusta.
Especialistas como Vladimir Oleinikov destacam que, embora a concentração nos principais títulos do índice tenha aumentado, os mercados emergentes oferecem fundamentais sólidos e atrativos níveis de valorizações, abrindo portas para estratégias de investimento bem informadas.
Aumento da concentração do MSCI EM
Um tema constante ao longo dos últimos anos tem sido o efeito das Sete Magníficas, que representavam 27% do índice MSCI USA no início de 2024, com apenas seis dessas Super Sete a manterem hoje essa posição de ações mais rentáveis do índice. Andrew Rymer, estratega sénior da Schroders, comenta que uma delas é a Nvidia, que tinha uma ponderação de 3% no início do ano (6,6% no final de novembro) e obteve uma rentabilidade de 185%.
Relativamente ao MSCI EM, Andrew Rymer comenta que embora a concentração nas principais ações do índice tenha aumentado, continua a ser inferior à de outros grandes mercados globais, como o S&P 500. Esta diferença pode ser interpretada como uma vantagem competitiva em termos de diversificação, mas também como um fator de maior risco em períodos de volatilidade global.
Vladimir Oleinikov acrescenta que esta concentração nas 10 maiores ações do MSCI EM, que representavam 26% do índice em 2024, aumentou acentuadamente face aos 17% observados em 2010. Este fenómeno reflete tanto o crescimento de gigantes tecnológicos e financeiros como uma redução na participação de setores mais tradicionais. Para os investidores, este facto sublinha a importância de analisar os fundamentais e de não depender unicamente das dinâmicas do índice.
Para Mali Chivakul, economista de mercados emergentes na J. Safra Sarasin Sustainable AM, apesar desta concentração, os mercados emergentes apresentam uma estrutura diversa em termos regionais e setoriais, oferecendo oportunidades significativas para a seleção ativa de títulos. E acrescenta que “as sete maiores ações do índice MSCI EM apenas representavam 26% do índice global no final de novembro de 2024, uma proporção muito menor do que as Sete Magníficas do S&P 500, que se aproxima de um terço”.
Contrastes no desempenho das principais ações
O índice MSCI EM mostra, até agora, uma rentabilidade de 8% em dólares, inferior aos 20,6% do MSCI World. No entanto, dentro do MSCI EM, os resultados variam significativamente. A TSMC, líder em tecnologia de semicondutores, obteve rentabilidades de cerca de 80%, impulsionada pela procura global de chips. Por outro lado, a Samsung registou quedas de 30%, afetada por receios de novas tarifas nos Estados Unidos.
Segundo Andrew Rymer, esta disparidade sublinha a importância de olhar mais além dos números gerais do índice e de analisar os motores específicos de cada empresa. Esta heterogeneidade também reflete o facto de o rendimento do índice não depender exclusivamente das ações de maior peso, mas refletir uma mistura de histórias de sucesso e desafios, fazendo com que uma abordagem diversificada e informada seja essencial para aproveitar oportunidades em mercados emergentes.
Oportunidades destacadas para os investidores
As estratégias de investimento em mercados emergentes estão a evoluir para se adaptarem a estas mudanças. Para a Generali, a Índia apresenta-se com um destino prioritário devido ao seu elevado crescimento estrutural e menor risco geopolítico. A Malásia destaca-se pela sua estabilidade política e valorizações atrativas, enquanto na China, os analistas apostam em setores que beneficiarão de um maior estímulo fiscal.
As tecnologias emergentes e a digitalização estão a redefinir setores-chave como o financeiro e o de consumo. A capacidade de identificar tendências disruptivas será crucial para capitalizar as oportunidades nestes mercados. Neste contexto, o crescimento económico da Índia e o esforço da China para estimular a sua economia através de políticas fiscais geram um otimismo tático entre os analistas e especialistas em mercados emergentes.