Em 2015, a derrota do Value foi bastante evidente face ao Growth, mas também em comparação com outras estratégias. O que considerar na altura de incorporar esta estratégia na carteira?
O ano de 2015 foi um ano muito difícil para os defensores do estilo Value. A batalha contra o seu clássico antagónico, o Growth, foi perdida. No ano passado, este último proporcionou mais de 16 pontos percentuais de vantagem em relação ao value na Europa, mas isto não é algo novo. A dez anos, o retorno anualizado gerado pelo MSCI Europe Growth foi de 4%, comparando com os -1,8% atingidos pelo MSCI Europe Value. Quase seis pontos de diferença. E mais, quem pensar que esta maior rentabilidade é conseguida em troca de uma maior volatilidade está equivocado. Pelo menos, não o foi na última década. A volatilidade anualizada durante os últimos dez anos, na Europa, do índice Value foi maior (17,5%) que a do índice Growth (13,9%). É uma tendência que não só afeta o mercado europeu, mas também no mercado norte-americano.
A rentabilidade gerada pelo índice Value em 2015 foi de 1,5%, 9,7 pontos abaixo do retorno total proporcionado pelo MSCI Europe no ano (8,2%). Qualquer outra estratégia seria mais rentável com menor volatilidade. Neste sentido, a melhor opção teria sido apostar em fundos cotados que repicassem os índices de J.P.Morgan de Quality e Low Beta. As rentabilidades foram, em ambos os casos, de 16% aproximadamente, quase oito pontos acima do MSCI Europe. O Low Beta conseguiu-o com uma volatilidade de 14,9%, a menor de entre as estratégias analisadas (ver tabela).
A desconexão do Value em comparação com os restantes índices analisados, acentuou-se no segundo semestre do ano, sobretudo perante as quedas registadas no verão. Foi então, que este estilo de investimento resistiu pior ao embate sofrido pelo mercado de ações europeu (ver gráfico). No entanto, convém pôr todo o sucedido em contexto. O pior comportamento relativo do Value aconteceu depois de dois anos em que o estilo de investimento proporcionou melhores resultados que o MSCI Europe. Em 2013, por exemplo, a rentabilidade gerada pelo JM ERP Value Factor foi de 28,4%, 8,6 pontos acima do índice e somente superado pelo estilo Momentum (9,4%). Em 2014, o Value (10.8%), também bateu o MSCI Europe (6,8%), com o Low Size em primeiro lugar por rentabilidade(11,5%). Durante os últimos três anos, cada “risk factor” teve o seu momento de destaque. A dificuldade está portanto em saber escolher qual a melhor estratégia perante a conjuntura.
“As diferentes estratégias que formam os índices Smart Beta podem dar soluções táticas e estratégicas. Em cada momento de mercado, há factores que se comportam melhor que outros. Por exemplo, durante o terceiro trimestre de 2015, os factores Quality e Low Beta comportaram-se melhor em comparação com o Value e Momentum. Um correta alocação de factores amplia o valor de qualquer carteira e oferece diferentes alternativas em cada momento de mercado”, explica Juan San Pío. O diretor de vendas institucionais da Lyxor ETF para a Península Ibérica e América Latina sublinha que a correlação entre os distintos factores de risco é baixa. “Para incorporar este tipo de estratégias numa carteira com um horizonte temporal a longo prazo, o ideal seria diversificar a posição entre os diferentes factores, o que se denomina por índice Multifator. Para alocações mais estratégicas, os índices de menor variância demonstram ao longo do tempo a sua eficácia em oferecer um maior rendimento que os índices de capitalização com uma menor volatilidade”.