Apesar de acautelar sobre as grandes limitações dos dados disponíveis, a ESMA expõe as diferenças mais relevantes. Portugal sai destacado pela negativa no relatório.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
A ESMA (European Securities and Markets Authority) divulgou este mês uma nova edição do estudo do mercado europeu de fundos relativamente aos custos de produtos de investimento de retalho com o nome de ESMA Market Report on Costs and Performance of EU Retail Investment Products 2023.
À semelhança das edições anteriores, a análise deste ano abrange os fundos UCITS e os fundos de investimento alternativo de retalho (AIF), bem como os produtos estruturados de retalho (SRPs). O regulador europeu dos mercados financeiros apresenta neste estudo uma análise mais aprofundada dos custos dos UCITS de ações e do desempenho por estratégia e, pela primeira vez, uma análise preliminar dos custos dos AIF.
A entidade ressalva, no entanto, que apesar de se continuarem a registar melhorias a nível da disponibilidade de dados, persistem problemas significativos nesta análise. Destaca, em específico, o facto de os custos de entrada e de saída continuarem a estar sujeitos a limitações, e de não estarem disponíveis dados sobre os custos de distribuição.
Descida gradual dos custos dos UCITS europeus
“Embora o declínio dos custos seja marginal de um ano para o outro, é mais significativo quando olhamos para a publicação atual em comparação com a publicada há cinco anos”, diz a ESMA no relatório. De facto, confirmando as tendências das edições anteriores, os custos dos fundos, incluindo as comissões correntes e pontuais, continuaram a diminuir.
No caso dos UCITS de ações, "os custos correntes dos investimentos no horizonte de um ano da edição deste ano (2022) são claramente inferiores aos dos investimentos no horizonte de um ano em 2018 (-4%), mas semelhantes aos do horizonte de investimento de um ano da edição do ano passado (2021)", dizem no relatório. E as conclusões são semelhantes para o horizonte de investimento a dez anos, segundo a ESMA.
De 2019 a 2022, “os custos correntes no horizonte de investimento de um ano diminuíram 6% para os UCITS de ações ativos e 23% no caso dos ETF”, detalham da ESMA. A diminuição dos custos correntes dos fundos ativos e dos ETF é também visível no horizonte de investimento a dez anos, mas parece ser menos linear. Por outro lado, “os custos correntes dos fundos passivos que não são ETF parecem ter-se mantido relativamente estáveis desde 2020”, dizem.
Já nos fundos multiativos, a ESMA comenta que não foi possível observar uma tendência decrescente coerente nos diferentes tipos de custos. “Embora estas sejam, em princípio, boas notícias, os valores apresentados são médias de milhares de fundos e os custos de cada fundo podem variar muito”, alertam da autoridade europeia de supervisão.
Fundos maiores e fundos ESG
Em todos os horizontes de investimento e classes de ativos, tal como observado no relatório anterior, os fundos maiores apresentam custos mais baixos do que os fundos mais pequenos. “Os custos totais dos fundos de maior dimensão são, em média, 24% inferiores aos dos fundos de menor dimensão”, dizem da ESMA apontando as economias de escala como a principal razão.
Uma exceção, segundo a ESMA, é a representada pelos UCITS domésticos que, ”apesar de serem, em média, mais pequenos do que os UCITS transfronteiriços, são mais baratos devido sobretudo a custos correntes mais baixos (rácio de despesas totais ou TER, igual a 1,2% contra 1,4%) e a custos pontuais mais baixos (0,1% contra 0,2%)”. “A heterogeneidade dos canais de distribuição e dos custos, bem como o tratamento dos custos conexos que afetam a comercialização transfronteiriça de um fundo, são os dois principais fatores que influenciam a evolução dos fundos”, comentam.
Já sobre o universo ESG, a ESMA indica que em 2022, os custos correntes dos UCITS ESG (1,1%) foram, em termos agregados, semelhantes aos custos correntes dos fundos não ESG (1,1%). As comissões pontuais foram, no entanto, mais elevadas para os fundos ESG. Esta diferença de custos deveu-se principalmente aos encargos iniciais, que foram substancialmente mais elevados para os fundos ESG (0,23%) do que para os fundos não ESG (0,11%).
Heterogeneidade dos custos nos Estados-Membros, mas Portugal destaca-se
Como indica o relatório, os custos mantiveram-se muito heterogéneos entre os Estados-Membros. “À semelhança das edições anteriores, os fundos domiciliados nos Países Baixos e na Suécia registaram os custos totais mais baixos. Os níveis de custos mais elevados registaram-se em Itália, na Áustria, no Luxemburgo e em Portugal”, indicam.
Já quando se passa da análise do domicílio do fundo para a análise do domicílio do investidor, a heterogeneidade entre os Estados-Membros diminui em grande medida, registando-se uma clara diminuição das diferenças nacionais. Por exemplo, os custos correntes dos UCITS de ações, num horizonte de dez anos, situam-se entre 1,6% nos Países Baixos e na Suécia e 1,8% em Itália e Portugal.
Consulte o relatório completo para aprofundar a análise do mercado UCITS ou saber mais sobre os fundos alternativos e produtos estruturados.