ETF da JP Morgan: “Tivemos uma last mover advantage, mas creio que isso significou virmos mais equipados para o mercado”

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Hada de Iago, Flickr, Creative Commons

Na comemoração de um ano da disponibilização da gama de ETFs da J.P. Morgan em Portugal, a entidade, numa conferência de imprensa, trouxe alguns insights sobre como têm vindo a desenvolver estes produtos, e quais os grandes pontos de inovação que fornecem ao mercado. Esta que é uma incursão relativamente recente para a entidade, já que, como relembrou Olivier Paquier, Head of CE and Latam ETF distribution, da J.P. Morgan,  “só há 4 anos começaram com o lançamento de ETFs nos EUA”. Um ‘wake up call’ que se estendeu dois anos mais tarde à Europa, o que, contas feitas, faz com que a gestora reúna atualmente em termos globais 45 ETFs, 19  deles na Europa (baseados na Irlanda).

Em conversa com os jornalistas, o especialista explicou que o negócio na Europa tem seguido uma “boa tendência”, que se concretiza num crescimento de ativos já superior ao do ano passado. Os motivos, na sua perspetiva, são dois: a acelerada utilização de ETFs na Europa, mas também o facto da gama se estar a estender.

Em termos de ativos a entidade cobre o espectro das ações, fixed income e o de alternativos/outros. Em termos estratégicos, as opções passam pelos clássicos ETFs de beta, os de smart beta (estratégias sistemáticas e índices modificados), e ainda – a grande novidade – os ETFs que usam o que apelidam de “capacidades ativas”. Produtos que acabam por ser quase exclusivos da casa no mercado, e que incorporam uma “leve componente humana de decisões fundamentais no portefólio”.

Competitividade

Tendo em conta as estatísticas que mostram ainda a grande predominância dos ETFs mais clássicos (beta) no mercado, a J.P. Morgan, deliberadamente, apresenta-se com um enfoque, maioritariamente em fixed income e nas capacidades ativas (Active ETFs). “Todos os meses estamos a lançar entre um e três novos ETFs na Europa”, especificou Olivier Paquier. Ao nível dos lançamentos, acrescentou também, “pode tratar-se de um novo produto, mas também de uma share class hedged de um produto já existente”. Recorde-se mesmo que em maio, por exemplo, a J.P. Morgan surpreendeu o mercado, com o ETF mais eficiente em termos de custos. Um US equity beta product, de 4 pontos base de csuto, com réplica física. “Tivemos uma ‘last mover advantage’ neste campo dos ETFs. Creio que no nosso caso isso significou virmos mais equipados para o mercado”, apontou o especialista.

Justamente esta chegada mais tardia ao mercado deu-lhes, na sua opinião, a capacidade de serem mais competitivos no preço no que toca ao espaço dos ETFs mais tradicionais, uma gama que apelidam de beta builders, a gama core de ETFs passivos. “Tentamos ter a certeza de que estamos a trabalhar numa arquitetura aberta, com provedores líquidos. Este tipo de ETFs são uma área que está democratizada, e em que o escrutínio dos preços e da qualidade da réplica são grandes por parte dos clientes”, enfatiza.

Onde a entidade sente, contudo, que acrescenta mais valor e mais “capital intelectual” é no espaço de smart beta e no de ETFs ativos. No primeiro segmento apresentam a gama de “strategic beta ETFs”, tanto do lado das obrigações como de alternativos. No espaço de fixed income, conta Oliver, têm apostado “na criação de um índice que os ETFs de dívida de mercados emergentes possam replicar”.  “A este nível não estamos necessariamente a falar dos maiores emitentes de dívida. Quando se quer investir em obrigações de mercados emergentes está-se à procura de yield e de diversificação, e não necessariamente de mais risco no portefólio”, contextualiza. Da casa aplicam portanto uma série de filtros de liquidez e de risco embebidos na metodologia do índice, de forma a certificarem-se que  as obrigações presentes são suficientemente líquidas. Em segunda análise, neste índice, preocupam-se em “evitar os maiores emitentes”, pois nos mercados emergentes estes “não são necessariamente os que pagam melhor”. Sumariamente, o diretor apelida estes índices de mais “inteligentes”, e capazes de reduzir a volatilidade, preservando os atributos da dívida emergente destes mercados.

Active ETFs

Naquela que foi apresentada como a coqueluche da gama – a componente ativa – Olivier deu conta de “uma série de ETFs que têm por base um research e uma análise fundamental proprietários da JPMorgan”. Tratam-se, referiu, de “ETFs que não fazem o tracking de um índice”, e assentes no espaço fixed income. “Têm uma duração muito curta, com o objetivo precisamente de ter a duração mais curta possível, ativamente gerida, com a yield mais elevada possível”. Especifica a este nível um ETF focado em dívida europeia de muito curto prazo, com uma yield líquida de comissões de -2 pontos base. “Neste mundo em que vivemos acaba por ser um número impressionante”, assegura, dando conta do sucesso que o produto já apresenta em termos de vendas. Na sua opinião, este ETF acaba por ser “uma boa solução para substituir tanto a porção de cash num portefólio, como a porção de investimento na parte mais curta da curva”.