Os ETF temáticos registaram, em 2024, o seu primeiro ano de desinvestimento numa década. No entanto, em janeiro de 2025, mostraram alguns sinais de recuperação, atingindo um recorde de ativos.
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O setor dos ETF na Europa atingiu um marco histórico em 2024, mas os ETF temáticos registaram o seu primeiro ano de saídas líquidas na última década. Segundo dados da Morningstar, estes produtos registaram saídas de 1.100 milhões de euros, uma queda significativa em relação aos fluxos anuais de 10.000 milhões de euros observados em 2020 e 2021.
A maioria das saídas concentrou-se em ETF vinculados à transição energética, enquanto os centrados na segurança, inteligência artificial e big data atraíram mais interesse. Além disso, os ETF de defesa captaram 1.700 milhões de euros, impulsionados pelo aumento da despesa em segurança nacional em vários países.
No entanto, este fenómeno não só afetou os ETF, como também os fundos abertos temáticos, que registaram saídas ainda mais acentuadas. De acordo com o relatório da WisdomTree, os desinvestimentos em mutual funds temáticos ultrapassaram os 30.900 milhões de dólares nos últimos 12 meses, refletindo uma menor confiança dos investidores neste tipo de produtos.
Não obstante, o início de 2025 mostra sinais de recuperação. Segundo a WisdomTree, os ativos em ETF temáticos alcançaram um máximo histórico em janeiro de 328.000 milhões de dólares contra os 316.000 milhões alcançados em dezembro de 2024, impulsionados por uma revalorização dos mercados, bem como por 863 milhões de entradas líquidas, especialmente no setor tecnológico.
Recuperação parcial: ativos em máximos apesar da volatilidade
Apesar dos desinvestimentos de 2024, os ativos sob gestão em ETF temáticos europeus aumentaram em janeiro de 2025 para um recorde de 48.600 milhões de dólares, com uma quota de mercado também recorde de 14,8%.

Este crescimento deveu-se, em grande parte, à sólida rentabilidade dos mercados em janeiro, com o índice MSCI ACWI (NTR) a registar um ganho de 3,36%. De facto, 27 temas superaram o mercado, com destaque para os recursos naturais, que aumentaram 10% no mês, impulsionados pela subida do preço do ouro.
No entanto, nem todos os segmentos beneficiaram da recuperação. A área de produção de energia sustentável registou novamente saídas significativas, com 497 milhões de dólares em desinvestimentos em janeiro, acumulando 9.300 milhões de dólares em perdas líquidas nos últimos 12 meses.
No entanto, os mutual funds temáticos não registaram a mesma recuperação. Em janeiro, os fundos abertos temáticos sofreram saídas líquidas de 1.700 milhões, sendo a categoria de pressões ambientais a mais afetada.
Temas vencedores
O mercado de ETF temáticos em 2025 mostra uma clara divergência entre setores, com a tecnologia e a segurança a captarem capital, enquanto as energias renováveis e a sustentabilidade continuam em declínio.
Os dados da WisdomTree refletem que a inteligência artifical e o big data continuam a liderar as preferências dos investidores, com 474 milhões de dólares em entradas líquidas em janeiro, impulsionados por avanços nos modelos de IA generativa. A blockchain também ganhou força, com 170 milhões de dólares em fluxos positivos, refletindo a sua crescente adoção em setores como as finanças e o comércio. Por sua vez, a cibersegurança continua a atrair interesse, com 115 milhões de dólares em novos investimentos, impulsionador pelo aumento das ameaças digitais.

O setor da segurança e da defesa ganhou protagonismo no atual contexto de instabilidade política. Os ETF vinculados à tensão geopolítica registaram 472 milhões de dólares em entradas líquidas, o que confirma a tendência observada em 2024. Este crescimento foi impulsionado pelo aumento da despesa militar na Europa e pelo reforço dos orçamentos de defesa.
… o outro lado da moeda
Em contrapartida, os ETF de energias renováveis continuam a perder atratividade. A produção de energia sustentável registou saídas líquidas de 497 milhões de dólares, acumulando 9.300 milhões de dólares em desinvestimentos nos últimos 12 meses. A incerteza sobre a rentabilidade a longo prazo e a volatilidade do setor reduziram o seu interesse entre os investidores.

Além destes setores, alguns temas emergentes poderão vir a ganhar destaque nos próximos meses. As infraestruturas digitais, que englobam a conetividade, o armazenamento na nuvem e redes 5G, estão a despertar o interesse como uma nova área de crescimento. Os ETF de cidades sustentáveis também mostraram estabilidade, embora com menor força do que em anos anteriores.
Um ponto importante a salientar é que, embora os ETF temáticos tenham recebido fluxos positivos em janeiro, os fundos abertos temáticos continuam a enfrentar dificuldades. Nos últimos 12 meses, os mutual funds registaram saídas líquidas de 30.900 milhões de dólares, refletindo uma maior rotação de capital fora desta estrutura de investimento.
