O First Eagle Amundi International Fund dispensa apresentações. É um fundo altamente reconhecido e que está presente na carteira de muitos investidores. Quisemos saber junto do gestor quais as razões para o sucesso desta estratégia, que conta já com mais de 25 anos.
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O First Eagle Amundi International Fund não é desconhecido pra ninguém, tendo ganho o seu espaço e reconhecimento no mercado ibérico. Gerido por Julien Albertini (em conjunto com Matthew Mc Lennan, Kimball Brooker e Manish Gupta). O fundo é conhecido pela sua abordagem altamente flexível no investimento em ações globais de elevada qualidade, por não estar sujeito a qualquer tipo de benchmark e de considerar títulos independentemente da capitalização bolsista, geografia ou sector. Com um historial de mais de 25 anos de existência, “assenta numa filosofia que tem sido utilizada por Benjamin Graham, o pai do investimento em valor, e por Warren Buffett”, confirma o gestor.
O sucesso desta estratégia, segundo o Julien Albertini, deve-se a vários fatores. Um deles é a consistência. “O objetivo do fundo mantém-se desde o início. Por um lado, proteger e preservar o património dos nossos investidores. Por outro, fazê-lo crescer e proporcionar retornos atrativos ao longo de um ciclo de mercado completo”, explica.
O gestor da First Eagle Investment Management refere alguns aspetos que acredita serem diferenciadores e representarem vantagens competitivas, como o facto de não estar limitado por qualquer benchmark; um exemplo disto é a sua relativa subponderação ao setor tecnológico numa altura em que muitos outros fundos sentiam a pressão para acumularem títulos relacionados com a tecnologia, a preços excessivos. “No ano passado, não tivemos muita exposição à tecnologia, porque achamos que muitas empresas de software e tecnologia não rentáveis eram demasiado caras. Por isso, penso que isso nos ajudou”, relata e dá ainda o exemplo de uma oportunidade identificada no setor energético, “que foi completamente desaproveitado durante muito tempo” diz, mas onde conseguiram encontrar valor. “Penso que, ao sermos muito disciplinados e tentarmos aplicar o capital de uma forma contra-cíclica, estamos conscientes de que pode não funcionar sempre, mas funciona no longo prazo e o historial do fundo tem ilustrado isso mesmo”, acrescenta.
A moda é passageira, mas o estilo é eterno
É reconhecida como uma estratégia flexível, como mencionado anteriormente. O facto de não ter restrições geográficas e não estar sujeito a nenhum benchmark, é visto pela equipa de gestão como maior liberdade de escolha. Julien Albertini remete para vários exemplos do passado para justificar o facto de como não seguir (todas) as tendências se tem revelado proveitoso. “No final da década de 90, quando houve a bolha das dot-com, não tínhamos exposição a tecnologia, ou tínhamos muito pouca e quando essa bolha rebentou, evitámos a destruição de capital. Em 2008 e 2009, não tínhamos muita exposição ao setor financeiro no fundo. E, mais uma vez, evitámos uma queda”, relata.
Geograficamente, não há regiões proibidas. Se for uma oportunidade verdadeiramente atrativa, segundo os padrões de qualidade da entidade, não importa onde esteja. É o caso do México, onde investiram durante a COVID-19 ou a China, onde atualmente mantêm algumas posições por considerarem “algumas das plataformas tecnológicas chinesas muito atrativas”, refere e admite: “Podemos comprar empresas que consideramos únicas e quando cotam a desconto face à nossa estimativa daquele que será o seu verdadeiro valor”.
Tudo o que aqui reluz é ouro
Se algo reluz aqui neste fundo, é ouro. Literalmente. Está presente na carteira desde o início, numa alocação média a rondar os 10%. “Utilizamos o ouro não como um investimento, mas mais como uma salvaguarda contra eventos que não podemos, necessariamente, prever, como o COVID-19 ou o 11 de setembro, por exemplo. O ouro age como lastro e é uma potencial proteção contra eventos negativos”, defende o gestor. Para além do ouro, o gestor menciona ainda outros recursos para gerir o risco como, por exemplo, a margem de segurança. Julien Albertini refere que, de forma a contornar a imprevisibilidade de cada investimento, estabelecem uma “margem de segurança, normalmente de 30%, que é a diferença entre o preço que pagamos e o nosso sentido de valor intrínseco”, conta.
O conceito de diversificação, bastante presente nas práticas de investimento atuais e bem ao estilo da teoria moderna do portefólio de Markowitz, é outro dos recursos utilizados para gerir o risco. “Temos aproximadamente mais de 100 entidades diferentes neste fundo e tentamos evitar a concentração em empresas, setores ou países”, revela. O gestor menciona, ainda, a importância da liquidez no fundo,“como uma reserva que nos permite investir contra as variações cíclicas", salienta.
O lado verde do fundo
Em 2020, nasce a versão sustentável do fundo, o First Eagle Amundi Sustainable, como reposta “à procura de ESG e sustentabilidade pelo mercado europeu”, diz o gestor. Julien Albertini salienta a experiência e conhecimento da Amundi nestas matérias como fator determinante para o sucesso desta estratégia. Este fundo, segundo diz, assenta na mesma filosofia do original, gerido pelas mesmas pessoas e começou com uma abordagem mais quantitativa. “Excluímos uma série de setores, como o carvão, o tabaco, o petróleo, o gás e as armas. Além disso, com base nas classificações fornecidas pela Amundi, eliminámos 20% das empresas com a classificação ESG mais baixa do universo de investimento e queremos, a seu tempo, certificar-nos de que a classificação ESG média ponderada desse fundo é superior ao seu universo de investimento”, conta. O gestor acredita que a composição da carteira, a disciplina na avaliação das empresas e o facto de estar centrado na proteção do património é o que o distingue dos outros.
Quando questionado sobre o foco na sustentabilidade, Julien crê que uma empresa que tem em consideração a sustentabilidade, estará, provavelmente, a operar numa perspetiva de longo prazo.