"Foi igualmente generalizada a migração para fundos em versão UCITS"

Rogerio
Cedida

1. Que peso tem, no seu processo de selecção de fundos, a análise quantitativa face à análise qualitativa?

No processo de selecção de fundos ambas as análises assumem particular importância, ainda que a análise qualitativa assuma um papel decisivo no momento da escolha do fundo a investir. Desta forma, a análise quantitativa serve como primeiro filtro para a inclusão de um fundo numa 'investment list', que representa o espectro de fundos potencialmente investíveis, existindo um conjunto de factores quantitativos, relacionados com a rentabilidade, volatilidade entre outros, mas também de dimensão do fundo, de liquidez, que poderão deixar o fundo de fora do espectro de análise para investimento. Após o fundo cumprir com os requisitos quantitativos para o investimento será a análise qualitativa a determinar o investimento. Assim, a análise quantitativa deverá servir como factor de exclusão de fundos para investimento e a análise qualitativa como factor final de decisão, ainda que mediante um 'due diligence' qualitativo favorável a dois fundos a escolha final possa recair sobre factores quantitativos.

2. Uma vez escolhido o fundo, como faz a revisão dessa selecção, de forma pontual ou através de um processo regular e definido? Quais os critérios mais ponderados para deixar de recomendar um fundo?

O investimento num fundo tem como finalidade a obtenção de retornos consistentes ao longo do tempo, não devendo assumir dessa forma um horizonte temporal de investimento curto (inferior a 1 ano). Não obstante, o processo de revisão da selecção dos fundos é algo contínuo e regular. Nesta revisão estão incluídas análises mensais de rentabilidade e de alterações à estratégia de investimento, assim como reuniões/conferências trimestrais com a equipa de gestão. Também na substituição de um fundo são os critérios qualitativos os que assumem maior destaque. Desta forma, uma comprovada falta de coerência do fundo com as previsões, uma alteração relevante à equipa de gestão, uma forte diminuição dos activos sob gestão com implicações na capacidade de gestão do fundo são factores com forte ponderação no momento de substituição de um fundo e que poderão encurtar o período de investimento face a outro que apenas apresenta um pequeno período de menor rentabilidade. Não obstante, na vertente quantitativa a menor rentabilidade face aos 'benchmarks' definidos e/ou aos 'peers' de mercado torna-se factor importante de substituição de fundos.

3. Em 2008, muitos fundos tiveram problemas de liquidez, tendo sido mesmo encerrados. Perante essa experiência, alterou o seu processo de selecção ou passou a dar mais importância ao factor liquidez?

Os problemas de liquidez associados a constrangimentos no período de resgates dos fundos originaram a partir do ano de 2008 um aumento da importância do factor liquidez. Nesse sentido, o processo de selecção passou a privilegiar os fundos e/ou classes dos fundos que apresentassem maior liquidez. Por outro lado, foram excluídos da análise fundos com períodos mínimos de permanência ('lock up periods') e comissões de resgate. Foi igualmente generalizada a migração para fundos em versão UCITS, que permitiram diminuir períodos de liquidez dos fundos. Desta forma, o processo de selecção global manteve-se inalterado, tendo sido no entanto introduzidos critérios mais ainda rigorosos no que concerne à liquidez dos fundos.  

4. Até que ponto um bom ou mau serviço de uma gestora afecta a selecção de fundos da mesma? 

O serviço prestado por uma gestora de fundo representa um factor muito importante na confiança e credibilidade da equipa de gestão. Desta forma, não obstante dispor de toda a informação relevante para a decisão de investimento, a comunicação da mesma é fundamental para consolidar o processo de investimento. A falta de informação assume-se como forte item de exclusão de fundos do processo de selecção. Nesse sentido, um bom serviço da gestora em prestar informação com máxima qualidade e transparência torna-se factor determinante na decisão, uma vez que permite ao investidor estar munido de toda a informação necessária no seu processo de investimento e por outro lado indicia as bases de uma relação de investimento que se espera que seja frutífera e duradoura.