Embora a última leitura do FMS do BofA mostre um ligeiro aumento da caixa de liquidez, o posicionamento continua bullish.
O otimismo continua a reinar entre os investidores profissionais. O último Fund Manager Survey do BofA mostra que os gestores continuam bullish num contexto de previsíveis descidas das taxas por parte da Reserva Federal e de um consenso cada vez maior de que assistiremos a um soft landing da economia global.
Dito isto, a última leitura do FMS, correspondente a julho, mostra uma ligeira queda das expetativas de crescimento para os próximos 12 meses. O aumento do pessimismo em relação ao crescimento mundial este mês deve-se, em parte, a uma perspetiva mais negativa do crescimento nos EUA. 53% (em termos líquidos) dos inquiridos do FMS prevê um enfraquecimento da economia norte-americana, a percentagem mais elevada desde 23 de dezembro.
Os niveís médios de liquidez em carteira também aumentaram, passando de 4% para 4,1%. Mas, segundo o BofA, nenhum destes fatores é preocupante. De facto, 67% dos gestores inquiridos pelo banco norte-americano não prevê uma recessão nos próximos 12 meses.
Previsão do consenso: redução das taxas
Uma das leituras interessantes do Fund Manager Survey é que 39% dos gestores acredita que a atual política monetária é demasiado restritiva, o número mais elevado desde novembro de 2008. E, precisamente por isso, acentuou-se a expetativa entre os profissionais de que as taxas de juro globais vão descer nos próximos 12 meses.
Assim, 56% dos gestores do FMS espera que a Fed corte as taxas pela primeira vez na reunião do FOMC de 18 de setembro. E já 87% acredita que o primeiro corte da Fed acontecerá no segundo semestre de 2024. Quando isso acontecer, 84% espera pelo menos dois cortes de taxas por parte da Fed nos próximos 12 meses (22% diz dois cortes, 50% diz três cortes e 22% diz mais de três cortes)
É igualmente notável como evoluiu a perceção de risco do mercado. 26% dos investidores do FMS afirma que o conflito geopolítico é o maior tail risk atual (face a 22% em junho). Pela primeira vez em seis, superou o aumento da inflação como o principal tail risk.
Alocação de ativos
E como este mês influenciou a alocação de ativos? Segundo o FMS, em julho os gestores aumentaram a alocação a utilities, EUA, emergentes e Reino Unido e reduziram a sua exposição a ativos da zona euro, matérias-primas e consumo discricionário. Não obstante, em termos absolutos, continuam sobreponderados em ações, saúde, tecnologia e EUA, e mais subponderados em reits, consumo discricionário e obrigações.
De facto, os gestores inquiridos estão sobreponderados em utilities (um setor sensível às obrigações) pela primeira vez desde fevereiro de 2009, aumentando a sua alocação em 20 pontos percentuais mês a mês (o maior aumento mensal registado). Por outro lado, continuam a reduzir a sua alocação ao setor imobiliário para a sua alocação mais baixa desde janeiro de 2009.
Geograficamente, estão sobreponderados em ações norte-americanas. Em julho, a alocação a ações da zona euro caiu para uma sobreponderação líquida de 10%, menos 20 pontos percentuais em relação ao mês anterior. É a maior queda mensal desde julho de 2012.