Fundação Calouste Gulbenkian reserva parte da sua carteira para investimento de impacto

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Créditos: Anders M Jacobsen (Unsplash)

Foi no relatório e contas de 2020, que pela primeira vez a Fundação Calouste Gulbenkian assumiu um claro compromisso de investimento ESG perante a sociedade. Um ano depois, em 2021, as contas da fundação voltaram a refletir o interesse que mantêm pela gestão ativa, mas não só. Voltaram a colocar a tónica no investimento responsável e, desta vez, com a promessa do investimento de impacto fazer parte das suas carteiras.

Nas páginas do seu relatório e contas de 2021, voltam então a falar da decisão que motivou este movimento. "Conforme já referido, e alinhado com a decisão de alienação da Partex, a Fundação assumiu o compromisso de investimentos responsáveis, com exposição a empresas cujas práticas sejam consistentes com os objetivos de uma sociedade mais sustentável, inclusiva e justa", começam por escrever. Reforçam, nesse sentido, o compromisso de "cumprimento de investimentos responsáveis, dependendo sobretudo da inclusão de critérios ESG nas decisões de investimento".

Escrutínio dos gestores e investimento de impacto

No mesmo documento, a entidade vai ao detalhe quanto à estratégia de investimento responsável que seguem. Dizem, por um lado, "privilegiar investimentos responsáveis, com exposição a empresas que têm práticas consistentes com os objetivos de uma sociedade mais sustentável, mais inclusiva e mais justa. Por outro, monitorizam o próprio trabalho de quem executa os investimentos. Dizem escrutinar assim "os gestores da carteira de investimentos à luz de critérios ESG, não só em relação ao seu posicionamento atual, como à evolução futura da aplicação dos seus fundos".

De forma muito clara e direta, referem mesmo que não investirão "em fundos de gestores que não evidenciem a intenção de melhoria contínua, avaliada à luz de critérios ESG". O envolvimento, ou se quisermos o chamado stewardship, é outro dos objetivos que a fundação assume sem rodeios. Querem "aumentar, num futuro próximo, a participação em assembleias gerais, contribuindo, através do voto, para a adoção de soluções mais consistentes com a estratégia da Fundação".

O investimento em fundos com este viés é outro dos objetivos. Apontam a intenção de "investir diretamente, e de modo progressivo, em fundos com uma agenda marcadamente sustentável e alinhada com os propósitos da fundação". São, portanto, diretos nas suas pretensões: "A fundação passou a reservar uma parte da sua carteira para investimentos de impacto, em que o contributo para o progresso da sociedade seja valorizado a par do retorno financeiro necessário à perpetuidade da sua missão".

Passos dados: dos índices ESG a um questionário

A implementação de toda esta estratégia já conta, na verdade, com alguns passos dados. A fundação reporta que adotaram "índices ESG em estratégias passivas de investimento, tanto na carteira de ações como na carteira de obrigações de empresas". Por outro lado, aplicaram "um questionário ESG a todos os gestores ativos, que é tido em consideração no momento da decisão de investimento".

Ao nível dos investimentos falam de vários movimentos, por exemplo o investimento no Children’s Investment Fund e na Generation Investment Management. Encaminharam também, realçam, "quatro milhões de euros no fundo de impacto Mustard Seed MAZE". Este investe "em startups tecnológicas cujas soluções contribuem para a resolução de problemas sociais e ambientais em Portugal e em toda a Europa". No âmbito do capital de risco, a entidade optou por investir "250 mil euros no Faber Blue Pioneers". Um fundo que irá investir, a partir de 2022, "em startups em fase inicial que desenvolvam soluções deep tech em setores emergentes da economia azul".

Por fim, referem também ter executado a "avaliação da carteira de investimentos em função de um conjunto de critérios ESG, de modo a permitir acompanhar o progresso feito no tema ao longo do tempo".