Os resultados das eleições presidenciais no México confirmam as sondagens. O partido oficial mantém-se no governo.
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Nas eleições presidenciais e do Congresso no México, celebradas no dia 2 de junho, de acordo com dados oficiais do Instituto Nacional Eleitoral (INE), a candidata da coligação Morena, Partido dos Trabalhadores e Partido Ecologista do México (com tendência de esquerda), Claudia Cheinbaum obteve mais de 60% dos votos face a menos de 30% do seu oponente, Xóchitl Gálvez, que faz parte da oposição Fuerza e Corazón por México.
Segundo assinala Xavier Hovasse, responsável de Ações Emergentes da Carmignac, “é provável que Sheinbaum consiga a maioria absoluta no Congresso (dois terços). Isto permitirá o seu partido Morena mudar a Constituição”. Cabe recordar que o próprio López Obrador já tentou aprovar uma reforma constitucional no dia 5 de fevereiro de 2024, rejeitada pelo Congresso. As alterações incluíam a revisão das pensões, mas também mudanças no poder judicial e da lei eleitoral, as quais se considerava fragilizarem a democracia. “Essas alterações não são boas do ponto de vista do mercado”, defende o gestor.
De acordo com o Programa de Resultados Eleitorais Preliminares (PREP) do INE, a participação eleitoral foi superior a 60% e proveniente não só dos cidadãos que vivem no país mas também dos que residem fora do mesmo. Viam-se longas filas de pessoas junto às embaixadas, aos consulados e às assembleias eleitorais.
A vitória de Sheinbaum representa a continuidade do projeto da Quarta Transformação iniciado por Andrés Manuel López Obrador (AMLO) em 2018, como ela própria sublinhou durante a campanha, insistindo na importância de continuar com as políticas e reformas que, segundo ela, beneficiaram as classes mais desfavorecidas.
Quem é Claudia Sheinbaum?
É licenciada em Física pela UNAM, tem ascendência judaica e nasceu em junho de 1962. Em 2000 tornou-se secretária do Meio Ambiente da Cidade do México, e em 2006 foi porta-voz da campanha presidencial de AMLO. Foi parte ativa da constituição do Morena em 2014. Enfrentou várias polémicas, como a falta de manutenção do metro da Cidade do México e o aumento da falta de segurança.
Principais objetivos que enfrentará como presidente
A falta de segurança continua a ser um dos maiores problemas no México. A violência relacionada com o narcotráfico e o crime organizado tem persistido, apesar dos esforços governamentais. Sheinbaum deverá implementar estratégias efetivas para reduzir os índices de homicídios e os crimes violentos, melhorar a coordenação entre as forças de segurança e reforçar o sistema de justiça penal.
Com um crescimento económico moderado nos últimos anos unido a uma desigualdade social persistente, terá de procurar reformas que impulsionem a economia atraindo investimentos estrangeiros e fomentando o desenvolvimento de setores-chave, como o energético e o fabril, para poder ser um dos principais beneficiários do nearshoring.
A luta contra a corrupção tem sido um tema central na política mexicana, através do reforço das instituições encarregadas de combater a corrupção e a garantia de que as reformas políticas são implementadas de forma eficaz.
A relação com os EUA é particularmente importante para o México, dado o impacto económico e de segurança. Sheinbaum terá de navegar por complexas dinâmicas diplomáticas em temas como a migração, o comércio e a cooperação na segurança. Terá também de manter relações com outros países da América Latina e diversificar parceiros comerciais.
Implicações para os ativos financeiros mexicanos
Segundo comenta Xavier Hovasse, “a única coisa que podemos dizer é o que o mercado pensa: os mercados não vão gostar desta vitória. E, de momento, é verdade, porque a divisa apresentou uma depreciação significativa, um sinal de nervosismo dos investidores. Além disso, os principais índices da bolsa caíram quase 5%, enquanto as obrigações já o acusavam no final na semana passada (de momento não estão a ser negociadas), significativas ampliações de yields, especialmente de curto prazo, perdendo 58 pontos base as obrigações a um mês e 47 pontos base a três meses, embora as obrigações a 30 anos também tenha descido 37 pontos base.
Segundo Carlos de Sousa, gestor e analista na Vontobel AM, apontava há poucos dias, “o governo tem estado a aumentar a despesa antes das eleições, e o FMI espera um défice fiscal de 5,9% este ano. Será o maior défice fiscal registado no país. Espera-se que o próximo governo executivo ande para trás e volte à sua política fiscal responsável em 2025”. Não obstante, o gestor considera que a dívida em moeda local continua bastante atrativa, embora considere que os investidores devem estar conscientes de que o peso mexicano não está barato, e com um possível segundo mandato de Trump “poderemos assistir ao regresso da volatilidade do peso mexicano”.