Fundos com Selo Funds People geridos por mulheres

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Como em todos os dia 8 de março a celebração do Dia da Mulher coincide com uma "enxurrada" de notícias que realçam as desigualdades que ainda existem entre homens e mulheres na maioria dos contextos sociais e económicos. Mas este dia serve, também, para dar valor ao facto de muitas mulheres terem conseguido alcançar o topo do sucesso, quebrando um telhado de vidro, que cada vez mais apresenta fendas, e a indústria da gestão de ativos não é exceção. Ao fim e ao cabo, segundo o estudo Fund Managers da Gender publicado no final de 2016 pela Morningstar, só um em cada cinco fundos está em mãos femininas e esse número não sofreu alterações desde 2008, ano em que o provedor de análise começou a estudar o género dos gestores de fundos.

Esta pouca presença feminina no mundo da gestão de ativos reflete-se também no facto de serem poucos os fundos geridos ou cogeridos por mulheres que obtiveram selo Funds People com as classificações A (favoritos dos analistas), B (fundos blockbuster) ou C (fundos consistentes), em Portugal.

O  primeiro deles é o GAM Multibond Local Emerging Bond USD C, cogerido por Paul Macnamara e Denise Prime. Atualmente, este fundo investe em países como o México ou a Turquia, dois dos destinos que são mais atrativos, segundo explicou o seu cogestor numa entrevista recente. Para selecionar os valores que compõem a sua carteira baseiam-se em três pilares principais: a situação macro das economia emergente, o estudo pormenorizado de cada país e a análise de rentabilidade/risco que oferece cada uma das emissões susceptíveis de serem incluídas nas carteiras. O fundo, além disso, conta com uma trajetória de mas de 18 anos e isso explica porque é que é um dos maiores do mercado com mais de 8.000 milhões de dólares em ativos sob gestão.

O segundo fundo é gerido na integra por uma profissional feminina. O Muzinich Enhancedyield Short Term Fund está sob o comando de Tatjana Greil-Castro. Este fundo caracteriza-se por investir em obrigações a prazos muito curtos sendo a maior parte das emissões que tem em carteira investment grade, embora possa chegar a ter até 40% das mesmas em dívida high yield. Atualmente apresenta uma clara preferência pelo setor financeiro já que implica cerca de 35% das emissões que tem em carteira. Uma aposta que está a dar bom resultado já que em menos de três meses se registam rentabilidades superiores a 2%.

Completam a lista de fundos de obrigações bem classificados o fundo Nordea 1 – Emerging Market Bond BI USD, cogerido por Cathy L. Hepworth e David Bessey. Este produto conta com a classificação B nos selos Funds People 2019 e não é de estranhar tendo em conta os bons resultados que obtém tanto a curto como a longo prazo. De facto, só este ano registou 5% (a rentabilidade anualizada a três anos supera até 7%) com uma aposta que para alguns pode ser controversa já que as suas principais posições se encontram em dívida argentina. O fundo tem uma grande flexibilidade na altura de investir tanto por regiões como por divisas, embora também defina alguns limites no momento de compor a carteira, já que se limita o investimento em valores apoiados por hipotecas, obrigações convertíveis em ações e títulos de ações.

As melhores nas ações

Mas a boa gestão feminina não se vê apenas nas obrigações, também há talento nas ações. Uma dessas talentosas gestoras é Gabrielle Gourgey, ao comando do MFS European Research Fund, produto que consegue uma rentabilidade anualizada superior a 6% a cinco anos investindo sobretudo em empresas europeias com balanços sólidos e que apresentem perspetivas de crescimento superiores ou comparáveis.

A impressionante possibilidade de subida que Wall Street acumula é o que leva o JPM US Value a tornar-se o mais rentável da lista de fundos aqui analisados. Este produto, que conta com a classificação B da Funds People, ganha 12% anualizados a cinco anos e esse bom retorno responde, além disso, ao rally da bolsa americana, graças aos seus gestores (Clare Hart e Jonathan K. L. Simon) cujo objetivo é aplicar o estilo value num mercado que sempre teve uma tendência de  crescimento como o americano. Segundo os últimos dados disponíveis, atualmente é identificado valor em setores como o financeiro, consumo discricionário ou imobiliário, já que é nestes negócios tão ligados ao ciclo económico onde a carteira está mais exposta.