Fundos de ações mantiveram-se no topo das preferências dos investidores em outubro

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Os mercados acionistas têm registado períodos mais negativos ao longo dos últimos meses, com o mês de outubro a não ser exceção. De facto, Bruno Pinhão, do ActivoBank, constata que “ao entrar para o último trimestre do ano, os mercados ficaram marcados por expressivas pinceladas em tons de vermelho”, cujas correções de mercado se generalizaram a todas as geografias e sectores, “desgastando os ganhos obtidos durante o ano”. Por outro lado, este panorama de quedas “trouxe à memória dos investidores o sell-off vivido em janeiro”, aponta.

Quanto ao panorama nas diferentes regiões, o profissional refere que a guerra comercial “prossegue a dois ritmos nos Estados Unidos, por um lado com a celebração de acordos com Canadá e México e o agravamento e, por outro, com o agravamento da tensão com a China”. Na Europa, por sua vez, o tema em destaque continua a ser a tensão entre o governo italiano e a Comissão Europeia relativamente ao orçamento para 2019, com a Comissão Europeia a reiterar que o orçamento não cumpre com os parâmetros definidos, o que levou às críticas do líder italiano.

Outro dos indicadores em foco, na opinião de Bruno Pinhão, é a divulgação de dados reveladores de desaceleração da economia europeia que, juntamente com a China, “configuram um factor de preocupação, condicionando o sentimento dos mercados”. Não obstante, outubro ficou também marcado pela apresentação dos resultados empresariais, tendo a maioria das empresas apresentado resultados positivos.

Assim, e apesar da conjuntura atual, os investidores do ActivoBank mantiveram a preferência por fundos de ações, sendo que os Estados Unidos continuaram a ser uma das regiões em foco. Os investidores procuraram, ainda, exposição a empresas de pequena e média capitalização bolsista, tendo em conta a fase em que se encontra a guerra comercial, em particular nos EUA, “para tirarem partido da retração das economias e do equilíbrio das balanças comerciais por via do aumento da produção e consumo de bens internos”, justifica o profissional. Por outro lado, apesar da redução de 2 pontos base das previsões de crescimento global para os próximos dois anos por parte do Fundo Monetário Internacional, “a convicção dos investidores em obter exposição a fundos globais de diversos sectores manteve-se intacta”, refere.

Reforço da posição nos mercados acionistas

Do lado dos clientes do Banco Best a preferência por fundos de ações manteve-se, mesmo apesar do mês difícil para os mercados acionistas. Para Rui Castro Pacheco, diretor adjunto de investimentos do Banco Best, a tendência do mês parece ter sido “o reforço de algumas das posições nos mercados acionistas, com os investidores a olharem para estas como sendo a classe de ativos que apresenta espaço para valorizações, estando mais céticos relativamente aos mercados obrigacionistas”.

Outra das tendências parece ter sido a procura por estratégias, sectores ou regiões bastante específicas em detrimento de fundos mais genéricos ou indexados. “Este facto pode apontar para a possibilidade dos investidores se encontrarem algo convictos de que nesta fase dos mercados é importante a gestão ativa ou a procura de determinadas estratégias, por oposição a algo mais global e genérico”, aponta o profissional.

Passando para os produtos, o mais subscrito acabou por não ser um fundo de ações, tendo sido um dos habituais nas listas dos últimos meses, o Acatis Gané Value Event. Este é um fundo multiativos gerido por duas boutiques especialistas nas suas áreas, Acatis, com a parte value, e a Gané, com a componente de event – “duas estratégias que se têm complementado bastante bem”.

Os restantes produtos pertencem todos à categoria de fundos de ações, sendo que dois deles investem em tecnologia, o BlackRock World Technology, que investe de forma mais genérica, e o Allianz Global Artificial Intelligence, que investe de forma mais específica em empresas ligadas à área da inteligência artificial. Na lista consta também um fundo que investe em empresas ligadas ao sector da saúde, o BlackRock World Healthscience, e outro que procura empresas ligadas à exploração e transformação de ouro, o BlackRock World Gold.

Os investidores do Banco Best parecem também ter optado pela exposição ao mercado acionista europeu, “com as preferências a irem para três estratégias bem distintas”. Uma delas foi o MFS European Value, que procura empresas cujas valorizações estejam “baratas” seguindo uma abordagem value. O Jupiter European Growth também marcou presença, este que procura empresas de maior crescimento seguindo uma abordagem growth. A terceira foi o Oddo BHF Avenir Europe, cujo investimento se foca em “pequenas e médias capitalizações europeias que possam vir a ser um grande player no futuro”.

O mercado acionista europeu não foi a única região em destaque, com os Estados Unidos e a China a marcarem presença entre as estratégias mais subscritas. A procura dos investidores por exposição ao mercado norte-americano colocou o Alger Small Cap Focus entre as preferências, sendo que a exposição a empresas chinesas colocou o Invesco Greater China Equity neste top. 

Fundos mais subscritos do mês de outubro

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