Fundos de investimento ganham expressão no património dos portugueses... mas pouco

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O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) divulgou esta quarta-feira os resultados do 3.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, que se enquadram no exercício de comparação internacional dos níveis de literacia financeira dinamizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), através da International Network on Financial Education (INFE). Não pouco importante é o facto de o inquérito ter sido conduzido no início de 2020, antes da pandemia de Covid-19.

Em termos gerais, Portugal ficou em 7.º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 26 países participantes, registando resultados acima da média neste indicador global e nos indicadores de atitudes e comportamentos financeiros. 

No entanto, a aversão ao risco e a preferência pelos depósitos como forma de canalizar a poupança continuam a marcar as decisões financeiras dos portugueses. Isto reflete-se no fato de os entrevistados discordarem, em média, da afirmação “Estou preparado para arriscar parte do meu dinheiro quando faço um investimento num produto financeiro”. Revelam também estar menos preparados para arriscar do que em 2015.

Sem surpresa, quando inquiridos acerca da aplicação das poupanças, apenas 9,4% indicaram ter investido as poupanças no último ano em ações, obrigações ou fundos de investimento. Por outro lado, quando olhamos para os produtos financeiros detidos pelos entrevistados, vemos um reforço significativo dos que indicam deter fundos de investimento (para 4,1%) ao mesmo tempo que a parcela de entrevistados que indica deter planos de poupança para a reforma manteve-se sensivelmente em linha com o inquérito de 2015, perto dos 15%. Apesar de alguma evolução positiva, a fotografia do mercado que nos mostra este inquérito está alinhada com o conservadorismo evidente na desagregação do valor das aplicações em produtos financeiros, divulgado pela CMVM no do Risk Outlook 2021.

Em termos médios, são as faixas etárias dos 40 aos 69 anos que investem mais em ações, obrigações ou fundos de investimento. Também as pessoas do género masculino, com ensino superior e ainda a trabalhar mostram maior propensão para o fazer. Sem surpresa, são os entrevistados com maior rendimento mensal que mais investem. 

Informação sobre fundos de investimento

Os resultados do inquérito mostram que, em 2020, aumentou a proporção dos entrevistados que já ouviu falar de fundos de investimento e obrigações, comparando com 2015. Contudo, registou-se uma diminuição em relação ao conhecimento da existência dos restantes produtos financeiros.

Os entrevistados revelam uma maior proatividade na escolha de produtos de investimento, como as ações, obrigações ou fundos de investimento. Cerca de 38,8% afirmam ter considerado outras opções de diferentes instituições e 30,6% consideraram outras opções da mesma instituição. 

Em 2020, verificou-se um aumento expressivo da importância da informação recolhida na internet (9,5% em 2020 e 6,4% em 2015) e aumentou ligeiramente a importância das recomendações em jornais e revistas de especialidade e da publicidade na TV ou nos jornais. Verificou-se uma diminuição da importância do conselho ao balcão (40% em 2020 e 59,1% em 2015) e do conselho de familiares e amigos (34,5% em 2020 e 51,1% em 2015). Adicionalmente, verificou-se uma diminuição significativa da importância da informação recolhida no balcão da instituição (4,8% em 2020 e 17,9% em 2015) e também uma redução do conselho de entidades especializadas (5,1% em 2020 e 9,9% em 2015).