Fundos Horizonte ganham componente de investimento responsável/ESG

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Vítor Duarte

Numa tomada de consciência da importância dos critérios Ambientais, Sociais e de Governação (ESG) nos investimentos, a Ocidental Pensões deu um passo inovador no mercado, apresentando agora os Fundos de Pensões Abertos Horizonte com uma componente de investimento responsável. Os três fundos desta gama – Horizonte Segurança, Horizonte Valorização e Horizonte Ações – são, segundo a entidade, “o primeiro veículo de investimento responsável/ESG em distribuição em Portugal a subscrever os PRI (Princípios para Investimento Responsável das Nações Unidas)”. Em que se materializa, afinal, esta mudança?

Em conversa com a Funds People, Valdemar Duarte, explica que a abordagem ao investimento responsável por parte da casa foi um passo adicional àquilo que já faziam, mais concretamente no que toca ao trabalho da BMO Global AM, entidade responsável pela gestão de investimentos destes fundos. Desta forma, para as classes de ações e de obrigações corporate a entidade acrescentou dois passos ao processo tradicional de decisão de investimento, relativamente aos investimentos que são selecionados pela BMO para entrar na carteira dos fundos Horizonte: um processo de screening negativo, e um processo de seleção de investimento responsável (screening positivo). No que toca ao primeiro, a entidade é bastante específica, apenas excluindo do universo global de investimento as empresas envolvidas em atividades como o financiamento, investimento, desenvolvimento, produção, manutenção, uso, distribuição, armazenamento, transporte ou qualquer outra atividade relacionada com armamento controverso.

Não perder a abertura de mercado

E porque não um screening negativo mais alargado a outras áreas e empresas? Valdemar Duarte explica o que os conduziu a esta decisão. “Quando se está nesta área podem-se incorrer alguns riscos de precipitação que não quisemos correr. Existem áreas óbvias de negative screening, que são, entre outras, as armas controversas, o tabaco, o álcool, ou o entretenimento para adultos. No entanto, quando se faz um processo de seleção negativa não se está só a excluir as empresas que realizam essas atividades, mas também todas as empresas com relações de grupo ou com relacionamento indireto. Uma empresa que dentro do seu grupo tem uma unidade que esteja relacionada com uma atividade excluída acaba por ser também ela e o seu grupo excluído. Desta forma, corríamos o risco de ao fazer um  negative screening muito alargado ter que excluir empresas que não pretendíamos e por perder o acesso a instrumentos de dispersão de risco como os ETFs que ao replicarem os mercados dificilmente não teriam na sua composição empresas excluídas”, relevou.

Relativamente ao screening positivo efetuado pela BMO, este consistirá precisamente “na incorporação dos factores ESG na seleção que fazem de cada empresa”. Desta forma, e resumindo, o “desenho” atual dos fundos Horizonte conta com “um processo de investimento tradicional ao qual é conjugado o investimento com um enviesamento positivo para os fatores ESG que é balanceado com as perspetivas tradicionais de seleção de investimentos”. Embora haja portanto uma preocupação para com o investimento neste tipo de investimentos (normalmente realizados através de fundos da BMO (fundos ESG), não existe uma condição sine qua non de investimento nesses produtos. “Quando o investimento nas várias classes de ativos está a ser avaliado, a BMO escolhe entre as várias alternativas internas ou externas de entre as quais são considerados os fundos ESG”, diz Valdemar Duarte.

Outra vertente da abordagem ao investimento responsável efetuada pela Ocidental são as ações de Engagment junto das empresas em que investem, nomeadamente através de uma política ativa de voto nas assembleias gerais, esta politica consiste em “incentivar as empresas emitentes para que tenham um comportamento ESG, podendo nas situações negativas ter como consequência uma oposição ativa em termos de voto nas suas assembleias gerais”. Resumindo, “trata-se não de excluir empresas do nosso processo de  investimento, mas sim incentivá-las para que tenham um comportamento ESG compliant. A execução deste serviço concretiza-se através do serviço REO (Responsible Engagement Overlay) fornecido pela BMO Global AM”.

Custo de gestão não sofre impacto

Em termos de custos, segundo nos é informado , também não existirão mudanças. “O que deixámos claro é que existem uma série de despesas adicionais, que foram consideradas como despesas do fundo, mas o seu impacto nos custo dos fundos está limitado a  um máximo de 0,01% dos ativos sob gestão”, clarifica.

PRIs da ONU

Por via desta alteração de política de investimento nos fundos Horizonte, os fundos tornaram-se, em julho de 2018, signatários dos PRI (Princípios para Investimento Responsável das Nações Unidas), das Nações Unidas, sendo, nessa data, a segunda entidade nacional a ser signatária destes princípios.