O peso dos fundos de investimento nos unit linked nacionais triplicou desde 2014

Dinheiro captações fundos
Créditos: PiggyBank Canada (Unsplash)

A ASF divulgou o mais recente Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões. Neste relatório, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões apontou o aumento da importância do investimento em fundos de investimento mobiliários no seu universo. Adicionalmente revelam uma queda no total de ativos das empresas de seguros sob a sua supervisão que deve estar ligada com "a evolução dos mercados financeiros ao longo do primeiro trimestre de 2022, nomeadamente ao nível do aumento das yields dos títulos de dívida".

Total de ativos sobre gestão

O total de ativos das empresas de seguros fixava-se, no final de 2021, em 51,2 mil milhões de euros, valor muito próximo do registado no final de 2020. "Esta evolução reflete o efeito conjugado do aumento dos ativos afetos a seguros unit-linked (22,5%) por contrapartida do decréscimo da restante carteira (-8,1%)", revela o relatório. No final do ano passado, os unit-links representavam 31,4% do total de investimentos nas empresas de seguros, mais 5,8 pp do que no final de 2020. A evolução da carteira de investimentos a março de 2022 revela um decréscimo do total de ativos para 49,7 mil milhões, menos 3,1% do que no final de 2021.

Quanto ao património dos fundos de pensões, ocorreu no ano anterior um aumento homólogo de 4,7% do total de ativos, valor que se cifra agora nos 24,1 mil milhões de euros. No primeiro trimestre deste ano registou-se um decréscimo de 3,1% do valor total de ativos, agora 23,4 mil milhões de euros. A autoridade supervisora avisa que "apesar de já se ter assistido a alguma correção dos preços dos ativos, subsiste amplitude para correções adicionais, dada a perceção de sobreavaliação de alguns segmentos do mercado e a elevada incerteza quanto à evolução da inflação e ao enquadramento geopolítico". Podemos concluir ainda que ocorreu um aumento de 6,3 mil milhões de euros no total de património investido em fundos de pensões nos últimos oito anos.

Total de ativos das empresas de seguros e total do património dos fundos de pensões entre 31 de dezembro de 2014 e 31 de março de 2022

Fonte: ASF, Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões.

Políticas de investimentos

Para o mesmo universo analisamos agora a evolução da política de investimentos.

No que toca à política de investimentos do conjunto das empresas de seguros nacionais (excluindo os ativos afetos a unit-links) podemos observar a maior preponderância dos títulos obrigacionistas (74,7%), em especial dívida pública (42,6%). Adicionalmente, o investimento direto e indireto em imobiliário representa 9,2% do total das carteiras. Este segmento tem ganho destaque nos últimos três anos. Ainda este ano, registou-se um aumento de 0,5 pp na categoria de fundos de investimento mobiliário.

Nos seguros unit-linked destaca-se a maior representatividade dos fundos de investimento mobiliário. Esta categoria tem merecido destaque desde o início de 2021, e representava no fim do mesmo ano 55% das carteiras. A tendência tem sido clara e, nos últimos oito anos, os fundos mobiliários mais que triplicaram a sua representatividade nas carteiras em análise. Este movimento foi parcialmente alimentado pelo decréscimo do investimento em linhas diretas de dívida (tanto pública como privada) e na redução dos depósitos.

O relatório revela ainda que "no setor dos fundos de pensões ainda se destaca a predominância de títulos de dívida (48%), apesar da tendência decrescente registada nos últimos anos". Também aqui os fundos de investimento mobiliário seguem a tendência exposta anteriormente. Estes representam assim 32,9% dos investimentos feitos em fundos de pensões.

Evolução da política de investimentos entre 31 de dezembro de 2014 e 31 de março de 2022

Fonte: ASF, Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões.