Os fundos soberanos estão a ganhar terreno entre os maiores proprietários de ativos, retirando quota de mercado aos fundos de pensões, que apenas mantêm a posição maioritária.
Segundo o novo estudo The Asset Owner 100 - 2023, elaborado pelo Thinking Ahead Institute, os fundos soberanos já representam uma proporção recorde de ativos entre os 100 maiores proprietários de ativos do mundo. Correspondem atualmente a 38,9% dos ativos totais dos 100 maiores proprietários de ativos do mundo (grupo AO100). Em termos absolutos, os fundos soberanos do AO100 representam atualmente 9,1 biliões de dólares. Esta proporção aumentou depois de os fundos soberanos terem assistido ao efeito combinado de um retorno relativo melhor dos investimentos e das novas entradas de capital, que superavam, nos últimos doze meses, os outros tipos de proprietários de ativos.
Os fundos de pensões, com ativos que constituem 52,8%, apenas mantêm a quota maioritária de ativos sob gestão entre os 100 maiores proprietários, enquanto os Otsourced CIOs (OCIO) e os master trusts representam os 8,3% restantes do AuM total dos AO100. Isto marca um claro retrocesso a médio prazo. Para termos uma ideia da mudança, há cinco anos, os fundos de pensões representavam mais de 60% dos AO100, enquanto os fundos soberanos representavam 32%.
Em conjunto, os 100 maiores proprietários de ativos do mundo eram responsáveis por 23,4 biliões de dólares no final de 2022. É uma descida de quase 9% em comparação com 2021, ano em que o volume de ativos geridos pelos então 100 maiores proprietários se situava nos 25,7 biliões de dólares.
Concentração de ativos
Outras conclusões do estudo recentemente publicado pelo Thinking Ahead Institute incluem uma crescente concentração de ativos na parte superior da classificação em todos os tipos de organizações, e mostra diferenças na alocação de ativos.
Os 20 maiores proprietários de ativos do mundo possuem um total de 12,9 biliões de dólares, o que significa que representam 55,2% dos ativos totais dos 100 primeiros. Esta concentração na parte alta da classificação deve-se a uma diminuição mais lenta do valor dos ativos entre os maiores proprietários nos doze meses anteriores. De facto, só os cinco maiores proprietários de ativos representam 24,4% do total dos AUM do estudo, com 5,7 biliões de dólares.
O Fundo de Investimento de Pensões do Governo do Japão, com ativos sob gestão de 1,4 biliões de dólares, mantém-se como o maior proprietário de ativos do mundo. Entre os três primeiros figuram também os dois maiores fundos soberanos: o Norges Bank Investment Management norueguês, que ocupa o segundo lugar com 1,3 biliões de dólares, e o China Investment Corporation que, com 1,1 biliões, ocupa o terceiro lugar.
A América do Norte representa 33,9% dos ativos totais do estudo AO100, o que a torna na maior região por valor de ativos, seguida de perto pela Ásia Pacífico, com 33,7% dos ativos totais. A EMEA representa 32,4% dos ativos.
Novas metodologias
“Apesar de tudo, vimos alguns resultados positivos desta incerteza sem precedentes”, diz Oriol Ramírez-Monsonis, diretor da área de Investimentos na WTW Espanha. Estão a surgir novas metodologias para a gestão do risco e na alocação de ativos. Em contraste com a tradicional alocação estratégica de ativos, alguns fundos líderes adotam agora uma construção de carteira com uma abordagem total (Total Portfolio Approach), na qual os objetivos são a força motriz central, e as melhores ideias incorporam-se através de uma concorrência pelo capital, ao nível de carteira.
“Isto também permitiu que alguns grandes proprietários de ativos aproveitassem as tendências em mudança do mercado com melhores resultados a curto e médio prazo”, explica. Entretanto, também observaram uma ênfase renovada na cultura positiva, quando os mercados põe os proprietários de ativos e as suas equipas sob pressão.