GAM despede Haywood por “conduta imprópria”, mas descarta detrimento material para os clientes

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A investigação interna da GAM ao seu responsável de obrigações de retorno absoluto, concluiu com a rescisão com o gestor. Tim Haywood, afastado do seu cargo no fim de julho por dúvidas relacionadas com alguns dos seus procedimentos sobre a gestão de riscos, foi despedido por “gross misconduct” (conduta imprópria grave). Segundo a gestora, tal como tinha comunicado previamente, Haywood estava a ser investigado por incumprimento das políticas due dilligence, prendas e entretenimento e uso impróprio de e-mail e telemóvel pessoal.

A suspensão justifica-se pela acumulação de casos de conduta imprópria mais do que por uma ação em concreto. Assim, segundo o que a Funds People conseguiu apurar, a investigação concluiu que não houve desvio da estratégia de investimento e, sobretudo, não houve detrimento material para os clientes até à data. “Houve uma falha grave nos padrões que se esperam de alguém no seu cargo”, aclaram no comunicado. Não foi um problema dos investimentos que Haywood fez para os fundos, mas a maneira como os levou a cabo, já que não cumpriram os padrões de due dilligence e gestão de risco da GAM. E isso é visto através do facto de uma entidade externa, a State Street, ter sido capaz de atribuir um valor líquido diário aos fundos suspensos.

A GAM tomou a decisão de fechar e liquidar os fundos da gama ARBF (absolute return fund) no passado mês de agosto, na sequência de significativos pedidos de reembolsos por parte dos clientes e com o objetivo de garantir a igualdade de tratamento entre todos os investidores. À data de hoje a empresa devolveu 89-92% dos fundos UCITS domiciliados no Luxemburgo e Irlanda e estima que o resto da liquidação, de 1.320 milhões de euros, seja concluída nos próximos meses.

A investigação coloca um ponto final no que está a ser um exercício complicado para a GAM. De facto, o pior para a gestora nos seus 10 anos de história. A cotação da empresa, que perdeu 75% do seu valor em 2018, reflete as importantes saídas de património (perdeu um terço dos ativos sob gestão tanto pelas saídas dos fundos como pelo efeito de mercado e de divisa), assim como o duro processo de reestruturação que enfrentam nos próximos meses. O grupo iniciou o seu plano de melhoramento, que incluiu um corte do dividendo, um programa de corte de custos e o despedimento de 10% dos funcionários.

Num comunicado enviado à nossa redação, Tim Haywood, manifestou-se quanto a este assunto. “Pretendo recorrer desta decisão que tem sido prejudicial desde o anúncio da suspensão. Contesto muitas das conclusões enquanto refiro que a maioria das alegações foram retiradas. Entretanto tornei-me redundante por um processo que também considero que foi executado injustamente. Isto reforça a minha crença que de que o meu despedimento da GAM foi uma conclusão inevitável e que fui injustamente acusado”, declarou Haywood.