A diretora de Análise e Seleção de Fundos na Amundi destaca que, embora a tecnologia tenha otimizado processos, o julgamento humano continua a ser essencial para tomar decisões sólidas e adaptar-se às necessidades únicas dos clientes.
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No dinâmico mundo da gestão de ativos, a seleção de fundos representa um equilíbrio entre criatividade e rigor analítico. Assim, para Gillian Jones, diretora de Análise e Seleção de Fundos na Amundi, “a seleção de fundos é uma arte e uma ciência”, que combina a precisão da ciência com o toque humano que só a experiência pode oferecer.
Com base em Dublin, Gillian Jones lidera uma equipa-chave numa das maiores gestoras de ativos do mundo. Com uma trajetória de mais de 14 anos, tem sido testemunha e protagonista da evolução do setor, enfrentando desafios como a crescente popularidade dos ETF, a integração de critérios ESG e de tecnologias avançadas.
“Aprendemos que a diversidade de pensamento é essencial para tomar decisões mais sólidas e completas”, comenta Gillian Jones sobre a composição da sua equipa, que combina especialistas com variados perfis e mais de 20 anos de experiência. Atualmente, a equipa de Fund Research & Manager Selection (sediada em Dublin, Milão e Paris) conta com 26 membros (até agora, uma das maiores equipas entrevistadas pela FundsPeople), divididos em análise operacional e análise de investimento, o que a torna numa das maiores e mais diversificadas do setor. Este artigo analisa a sua metodologia, as tendências que estão a transformar o setor e as reflexões de Gillian Jones sobre o futuro da gestão de ativos.
Metodologia de análise, seleção e colaboração da equipa
A abordagem da Amundi combina análise quantitativa e qualitativa. A equipa avalia aspetos como a filosofia do fundo, o seu processo de investimento, a composição da carteira, o retorno, as comissões e a abordagem ESG. “Não se trata apenas de números, mas de compreender o que está por detrás da decisão de cada gestor”, sublinha Gillian Jones.
Destacam-se também pela utilização de ferramentas como a Bloomberg, a Morningstar, a MPI, a E-vestment e aplicações internas, como a Alto Fund Research, para criar relatórios exaustivos sobre análise de investimentos. Além disso, monitorizam continuamente os fundos, utilizando dados de participações mensais para replicar e analisar carteiras em tempo real.
A avaliação das gestoras começa com o operation due-dilligence (ODD), que examina a estabilidade financeira, a auditoria e os controles internos de cada empresa antes de se iniciar o investment due-dilligence (IDD). Esta abordagem garante que cada investimento cumpre as normas mais rigorosas.
Gillian Jones destaca a colaboração como pilar fundamental da equipa da Amundi. Com reuniões semanais e um sistema de mentoria, incentivam a aprendizagem contínua e a troca de ideias. Gillian Jones destaca a formação recebida, como um curso lecionado por ex-agentes da CIA para identificar comportamentos não verbais durante entrevistas com gestores. Além disso, cada relatório de investigação de due dilligence passa por um rigoroso sistema de revisão e apresentação para garantir a qualidade e consistência das decisões.
Impacto da tecnologia na seleção de fundos
A tecnologia revolucionou a forma como a equipa da Amundi conduz a sua análise e seleção de fundos. Gillian Jones destaca ferramentas como a Blueberry, uma aplicação interna, que permitiu sistematizar e centralizar o acesso a análises pormenorizadas. “Com a Blueberry, não só partilhamos informação de forma eficiente, como também asseguramos a transparência e a rastreabilidade das nossas decisões”, explica.
Além disso, a integração de big data e algoritmos avançados otimizaram o acompanhamento das carteiras. Isto permite identificar tendências e ajustar estratégias em tempo real. Embora estas tecnologias tenham melhorado a eficiência, Gillian Jones enfatiza que o elemento humano continua a ser fundamental. “A tecnologia apoia-nos, mas nunca substituirá o juízo crítico e a experiência que trazemos como analistas”, esclarece.
Tendências, desafios e diferenciadores na indústria de fundos
A selecionadora identifica várias tendências-chave na seleção de fundos. A adoção de ETF, tanto ativos como passivos, cresceu exponencialmente devido às suas vantagens de custos e liquidez. No entanto, destaca a importância de proteger o valor da gestão ativa, que pode oferecer maior flexibilidade e controlo de riscos.
“A gestão ativa continua a ser insubstituível, uma vez que procuramos adaptar-nos às necessidades únicas dos clientes”, afirma Gillian Jones. Esta ideia torna-se um elemento-chave num mercado onde os ETF têm vindo a ganhar terreno rapidamente. Os ETF são eficientes, mas a profissional assinala que têm menos flexibilidade para se adaptarem a objetivos específicos dos clientes ou a considerações éticas complexas, algo que a gestão ativa pode abordar de forma mais eficaz.
Neste contexto, a gestão ativa permite à Amundi oferecer soluções personalizadas. Por exemplo, Gillian Jones menciona como a flexibilidade dos gestores ativos lhes permite evitar concentrações arriscadas em índices populares como o S&P 500. “É essencial poder ir mais além dos índices, procurando oportunidades que geram valor para os clientes”, acrescenta.
Reflexões pessoais e perspetivas
Gillian Jones afirma estar plenamente comprometida com a sua função atual. Encontra motivação nos desafios inerentes à seleção de fundos, especialmente num contexto tão competitivo como o das ações norte-americanas. “Cada decisão que tomamos é uma oportunidade para marcar a diferença”, reflete.
Ao olhar para o futuro, Gillian Jones assinala a necessidade de se adaptar continuamente às mudanças do mercado. Tecnologias emergentes como a inteligência artificial e a aprendizagem automática oferecem ferramentas para melhorar a eficiência e a análise, embora sublinhe a importância de manter uma abordagem humana à tomada de decisão. Também vê uma maior personalização das soluções para os clientes, uma área onde a Amundi já está a fazer significativos progressos.
Em termos de áreas a melhorar, Gillian Jones planeia continuar a ampliar a colaboração dentro da equipa e reforçar a formação na utilização de tecnologias emergentes. “Queremos ter a certeza de que todos os membros da equipa estão preparados para enfrentar os desafios do futuro, combinando tecnologia com experiência humana”, conclui.