ETC: O que são e porque se recorre a estes veículos para investir em matérias-primas

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A recuperação económica que vivemos um ano após a crise da COVID-19 também está a gerar boas expectativas para as matérias-primas. Em alguns casos estamos a falar sobre o início de um novo superciclo nesta classe de ativos, embora existam outras vozes que, apesar de verem um potencial ascendente, acreditam que este será limitado ou muito desigual dependendo da matéria-prima. Seja como for, as commodities, mais uma vez, chamaram a atenção dos investidores e uma das formas de investir é por meio de ETC. O que são ETC? Explicamos no Glossário do FundsPeople o termo, o que os diferencia dos ETF e quais são suas vantagens. 

ETC: A sua origem

ETC, Exchange Traded Commodities em sua sigla em inglês, são veículos listados por meio dos quais uma matéria-prima é replicada exclusivamente. Estão enquadrados no universo da gestão passiva, mas explicamos por que nasceram, uma vez que não podem ser confundidos com ETF.

O início de tudo está na aprovação, em 1985, do quadro jurídico europeu dos fundos de investimento. O bem conhecido UCITS, Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities, na sua sigla em inglês. Traduzido para o português como Entidades de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários que define os requisitos para fundos de investimento da União Europeia. É preciso maior transparência quanto ao tipo de ativo em que investir, percentuais de liquidez, maior diversificação ... e é nessa exigência que ela tem as suas diferenças. Para ser negociado como fundo ou como ETF (Exchange Traded Fund), não se pode investir em apenas uma única commodity.  Como não é possível aos gestores emitir ETF sobre uma matéria-prima que cumpra as normas de OICVM, surgem os ETC..  

Diferenças e semelhanças com os ETF

Como mencionamos antes, um ETC replica o comportamento de uma matéria-prima. Ao contrário dos ETF, que replicam a composição de um índice, este último pode ser caracterizado como OIC, organismo de investimento coletivo, enquanto os ETC são chamados de produtos cotados. Investir em ETC significa comprar participações emitidas por uma entidade por um valor referenciado ao preço de uma matéria-prima. Ou seja, seria como comprar dívida daquela entidade, o que torna o investidor no seu credor”.

Entre as semelhanças com os ETF, para além do facto de serem cotados em mercados organizados e a operação ser contínua ao longo da sessão, existem também dois tipos: ETC físicos e sintéticos. Embora haja alguma peculiaridade no primeiro que os diferencia dos ETF físicos. Em qualquer caso, a operação é semelhante:

Os físicos reproduzem o valor de sua matéria-prima subjacente. Fica guardado nos cofres da custódia e é identificada a fração da matéria-prima que está associada à conta de cada investidor. Ou seja, é colateralizado com a própria matéria-prima. Geralmente investem em metais porque podem ser armazenados com as medidas de segurança adequadas e não são perecíveis.

Os sintéticos replicam o preço de  contratos de swap ou índices de commodities. Tendem a ser mais complexos e arriscados, uma vez que a réplica sintética é feita por meio de derivados (swaps), havendo risco de falência da contraparte do derivado. Esta forma de réplica é usada para matérias-primas como o petróleo, alimentos ou produtos agrícolas.

Vantagens dos ETC

Destacam-se quatro:

  • São negociados em bolsa, com market makers que oferecem liquidez para entrada e saída, sob supervisão de reguladores. Além disso, podem ser criados sob procura.
  • Os investidores podem investir em ativos subjacentes individuais.
  • Não expiram: são open-ended. Esta condição evita o problema de entrega física presente em muitos mercados de commodities.
  • Refletem fielmente o comportamento do subjacente, oferecendo baixos níveis de tracking error. Ou seja, não se desvia muito do preço da matéria-prima.