H2O AM começa a voltar ao normal um mês após a crise que colocou em dúvida a sua liquidez

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No passado dia 18 de julho fez um mês desde que a Morningstar decidiu colocar sob revisão o rating de Bronze do fundo H2O Allegro, um dos fundos da gestora H2O AM, filial da Natixis IM, após uma notícia publicada pelo Financial Times que fazia referência a uma iliquidez de parte da carteira da gestora, além de um possível conflito de interesse nesses investimentos. O assunto que mais preocupou a Morningstar, e o que levou a essa revisão, não se referia tanto a que a carteira fosse ilíquida mas ao facto dessas obrigações pouco líquidas, que pesavam nos três fundos afetados (o H2O Allegro, o H2O Adagio e o H2O MultiBonds) 9% como máximo, serem emitidas por várias empresas integradas numa holding do empresário alemão Lars Windhorts ao mesmo tempo que Bruno Crastes, CEO da H2O AM, tinha começado a fazer parte do conselho de administração da Tennor Holdings, outra das filiais do holding de Windhorts.

Perante estas notícias não foram poucos os investidores que optaram por vender as suas posições nos fundos da gestora tanto nos que tinham sido envolvidos na polémica como nos restantes face ao risco de iliquidez da mesma. Ao fim e ao cabo, o timing foi o mais desacertado já que apenas uns dias depois ficou a conhecer-se no Reino Unido o fecho do fundo bandeira de Neil Woodford, um dos grandes gestores estrela, ainda que na gestora tenham sempre insistido que no seu caso “nunca houve um problema de iliquidez”.

Não obstante, à medida que o calendário avançou, esses reembolsos foram suavizados ao mesmo tempo que a gestora tentava manter uma política de comunicação atualizada com um vídeo explicativo de Crastes, sobretudo desde que a Morningstar decidiu acabar com a revisão do H2O Allegro e lhe ter outorgado uma classificação neutra. Por isso, os 7.159 milhões de euros de reembolsos líquidos que a gestora teve desde o passado dia 18 de junho, segundo dados da Morningstar no fim da passada quinta-feira, concentraram-se particularmente na segunda quinzena de junho. De facto, na última semana os fluxos foram positivos todos os dias (entraram 33 milhões de euros).

Estes primeiros indícios do regresso à normalidade incentivaram a gestora a restaurar as comissões de entrada em vários dos seus fundos, que ficaram suspensas com o estalar da crise. Em concreto, segundo comunicaram na página web, a partir de 1 de agosto, a classe A do fundo H2O Multi Aggregate voltará a contar com uma comissão de subscrição de 5% e a partir de 2 de setembro irá reinstaurar a mesma comissão de 5% nas classes retail dos fundos H2O Largo, H2O Adagio, H2O Allegretto, H2O Moderato, H2O Allegro e H2O MultiBonds, ao mesmo tempo que estão a estudar quando voltar a implementá-la nas classes institucionais e limpas. Além disso, a gestora decidiu substituir 5% de entrada que aplica a fundos como o H2O Multistrategies e H2O Vivace por uma comissão de até 5% que irá parar diretamente à gestora.

O que aconteceu aos investidores que mantiveram as suas posições?

Além dos números de reembolsos, o que seguramente os investidores se estão a questionar, nomeadamente os que optaram por manter os seus investimentos durante a crise, é como é que estes se comportaram. Tendo em conta o valor liquidativo no fim de 18 de junho e o último dado disponível no fecho de dia 19 de julho, segundo dados da Morningstar, a rentabilidade média de todos os fundos geridos pelo H2O foi de 0,39%. Concretamente, os três fundos que protagonizaram a polémica, o H2O Allegro, o H2O Adagio e o H2O Multibonds, acumulam no último mês rendimentos de 0,11%, -0,86% e -0,46%, respetivamente. Números muito moderados tendo em conta que a gestora inicialmente previu perdas entre 3% e 7% de para estes fundos.