H2O AM vende parte dos seus polémicos títulos e reconhece perdas nos seus fundos entre 3% e 7%

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A H2O AM, filial da Natixis IM, publicou durante a primeira hora de segunda-feira um breve comunicado no qual informou ter vendido uma parte dos títulos que suscitaram a polémica dos últimos dias, e realizou um primeiro cálculo sobre o impacto que esta venda pode ter no valor líquido dos seus fundos. “A H2O vendeu parte das suas obrigações privadas sem classificação e, com base numa avaliação recebida pelos bancos internacionais, reduziu o saldo em cumprimento com a regulação dos OICVM, reduzindo assim o seu valor de mercado agregado abaixo dos 2% dos ativos sob gestão da H2O. Após esta redução, desencadeada por comunicados de imprensa que secaram a liquidez de mercado e ampliaram os spreads da oferta e da procura, os fundos da H2O terão um desconto entre 3% e 7%”, afirma o comunicado.

Além disso, a gestora comunicou que eliminou todas as comissões de subscrição dos seus fundos até novo aviso. A notícia chegou apenas dias depois de se ter desencadeado o nervosismo por parte dos investidores após se ter tomado conhecimento de uma notícia do FT em que se avisava acerca da iliquidez de várias das posições que tinha um dos fundos da gestora, o H2O Allegro e, logo a seguir , acerca da decisão da Morningstar de suspender o rating do fundo devido às dúvidas que existiam sobre a idoneidade e liquidez de parte da carteira investida em dívida corporativa”, afirma a analista Mara Drobescu num comentário.

A reação dos investidores não se fez esperar e provocou uma descida nas ações da Natixis IM na bolsa, que desde a passada quarta-feira cederam 14%, ainda que nos primeiros compassos da sessão desta segunda-feira os seus títulos tenham recuperado cerca de 1,8%. Além disso, essas vendas em bolsa foram acompanhadas de petições de reembolsos dos fundos da H2O já que, segundo informa a Bloomberg, a empresa recebeu pedidos de reembolsos no valor de 325 milhões de euros em três dos seus fundos, o mencionado Allegro e também outros dois que tinham exposição às obrigações que suscitaram as dúvidas de iliquidez como o H2O Multi Aggregate e o Adagio, o que representa que mais de metade dos reembolsos que acumula este trimestre ascendam aos 600 milhões de euros. Ao fim e ao cabo, ainda que inicialmente a nota da Morningstar só se referisse ao H2O Allegro por este ser o único que contava com um rating qualitativo da empresa, também os outros dois fundos tinham exposição às polémicas obrigações. De facto, a própria H2O confirmou-o num comunicado à imprensa publicado na sexta-feira no qual mencionou que a exposição a essas obrigações nas carteiras desses produtos se fixa entre os 2,8% e os 6,5%.

Além da H2O AM, que na passada sexta-feira anunciou a decisão de Bruno Crastes, o seu CEO, de abandonar o conselho de administração da Tennor Holdings, uma das empresas na qual o polémico empresário Lars Windhirts, sob o comando das várias empresas nas que a H2O investia através das suas obrigações, tinha tomado posições, mais recentemente, a Natixis IM também quis expressar a sua opinião a este respeito. Fê-lo para voltar a mostrar o seu apoio a Bruno Crastes e à H2O AM e para confirmar a liquidez da empresa e dos seus fundos. “A liquidez das posições está assegurada e permitirá fazer face aos potenciais reembolsos se alguns dos clientes decidirem vender parcialmente os seus fundos devido à cobertura mediática que foi publicada a respeito destas posições”, afirma. Além disso, com o objetivo de restaurar a confiança na H2O AM, a “Natixis decidiu adiantar a auditoria periódica desta filial implementando-a a 21 de junho” ao mesmo tempo que relembra que o processo de auditoria é algo que a Natixis realiza sempre de forma periódica nas suas filiais.