“Há motivos para algum optimismo cauteloso”

Numa breve entrevista à Funds People Portugal, Firmino Morgado considera, contudo, que há indícios que permitam ter algum optimismo moderado e ele próprio diz estar mais optimista com as perspectivas para 2013 e em diante.
 
Após o anúncio do plano do BCE para compra de dívida pública, as acções dos bancos reagiram em forte alta. Era uma reacção esperada? Uma tendência que deverá manter-se?

O anúncio do BCE teve definitivamente um efeito positivo no preço das acções dos bancos na Europa. Na minha opinião, este era um passo muito necessário na direcção certa e ajuda a manter a liquidez de todos os sistemas bancários. Continuo, contudo,  cauteloso quanto ao ‘outlook’ de longo prazo para os bancos portugueses, com questões fundamentais relacionadas com crédito de cobrança duvidosa ainda por resolver.
 
Acredita que estão reunidas as condições para se iniciar uma recuperação mais sustentada das bolsas europeias ou ainda há demasiadas incertezas na Europa para que tal aconteça?

No curto prazo continuam a existir, obviamente, riscos significativos. De uma perspectiva macro, o ‘outlook’ para a Europa é ainda muito incerto e parece que as estimativas de crescimento para China deverão descer ainda mais. E há também desalavancagem bancária ainda por acontecer. No entanto, do mesmo modo, há agora cada vez mais motivos para algum optimismo cauteloso. Em todo o mundo as taxas de juro têm estado a cair há algum tempo e, globalmente, os bancos centrais continuam a seguir políticas monetárias expansionistas. As avaliações das acções parecem, na generalidade, muito atractivas e sugerem que muitas das más notícias já estão descontadas nos preços das acções. Em termos gerais estou mais optimista à medida em que olhamos para as perspectivas para 2013 e anos seguintes.
 
No fundo Iberia qual a exposição a acções portuguesas e quais as razões da escolha?

Cerca de 17% do fundo Iberia está investido em acções portuguesas. A minha abordagem passa por investir em empresas que passaram por um período de fraco desempenho, que não são acarinhadas pelo mercado, e onde há perspectivas de recuperação que ainda têm se ser incorporadas pelo mercado. Portanto, o peso das acções portuguesas não representa tanta a visão sobre a situação macro, mas mais uma visão sobre o ‘outlook’ para empresas individualmente.