Hawkclaw Capital Advisors: "Em 2018, o principal catalisador será o investimento de capital (capex)"

Francisco Falcão
Vitor Duarte

Para o novo ano, a Hawkclaw Capital Advisors acredita que nos Estados Unidos o aumento da produtividade e uma inflação moderada deverão permitir o prolongamento do ciclo. Para a Europa, a perspetiva é que o crescimento económico se mantenha robusto, fomentado pelo aumento da procura interna via consumo privado e investimento. Quanto à classe de ativos mais atrativa, para a entidade, o segmento acionista permanece no topo das preferências, sendo que 2018 será um bom ano do ponto de vista de "stock picking". 

O que esperam de cada uma das principais economias (EUA, Europa, China Japão) no ano de 2018?

A recuperação económica global deverá continuar em 2018 à medida que as economias emergentes se juntam a essa tendência. As principais economias mundiais estão em diferentes estágios do ciclo económico. As taxas de desemprego continuam em queda e o “output gap” a estreitar. Quanto à utilização de capacidade instalada esta permanece bastante abaixo do valor registado nos picos do ciclo. Assim, consideramos que o potencial de recessão global em 2018 será reduzido. Enquanto que o ano de 2017 foi marcado pelo aumento dos gastos de consumo como grande impulsionador do crescimento económico, consideramos que em 2018 o principal catalisador será o investimento de capital (“capex”). Os gastos de consumo deverão permanecer estáveis suportados pela criação de emprego, aumento da confiança do consumidor e aumento da inflação. No entanto, dado que o ciclo de crédito se mantém contido consideramos que a fonte de crescimento advirá de um aumento da produtividade induzido pelo investimento de capital.

Nos EUA o aumento da produtividade e uma inflação moderada deverão permitir o prolongamento do ciclo. A aprovação recente do pacote fiscal deverá também ter um impacto positivo no PIB (aproximadamente +0,4%). Na Europa o crescimento económico robusto deverá continuar impulsionado não só pela melhoria nas exportações, mas também pelo aumento da procura interna via consumo privado e investimento. O “output gap” da região deverá passar a ser positivo em 2018 e a taxa de desemprego deverá continuar em queda com a utilização da capacidade instalada a situar-se acima da tendência de longo prazo.

Quanto à maior economia emergente, a China, esta deverá manter a sua tendência de abrandamento do crescimento com uma inflação baixa e estável. Esta dinâmica deve-se essencialmente à redução do investimento público e impacto negativo do sector imobiliário assim como à anunciada política de privatizações e desmantelamento de empresas “zombie”.

Por fim, a economia nipónica deverá manter o seu percurso de normalização dos níveis de inflação com um crescimento económico real ascendente devido ao potencial aumento das exportações e expansão do “capex” sendo de esperar uma recuperação moderada do consumo privado e inflação. 

Quais as classes de activos melhor posicionadas para enfrentar o novo ano e que perspectivas têm para cada uma delas (obrigações, ações, imobiliário...)?

A nossa visão estratégica para 2018 continua a privilegiar a classe accionista em detrimento da classe obrigacionista dada a nossa perspectiva macroeconómica. Consideramos que 2018 será um ano em que de "stock picking". Estamos positivos para ações na Europa, emergentes (países em recuperação económica e com baixas taxas de inflação), negativos para Reino Unido e neutrais para as outras regiões incluindo os EUA. Em termos sectoriais, os sectores energético e industrial deverão destacar-se positivamente.

Relativamente à classe obrigacionista consideramos que o risco de taxa de juro se mantém elevado e que o nível de "spreads" de crédito não compensam o risco na generalidade pelo que por forma a obter resultados positivos será necessário um posicionamento acertado em termos de "duration" que deve ser reduzida e em emitentes com potencial de melhoria do perfil de crédito. Consideramos a componente de dívida high yield nos EUA e dívida de mercados emergentes, quer denominada em "hard currency" ou moeda local, como as alternativas que ainda oferecem algum valor. Face ao posicionamento positivo para acções o espectro de obrigações convertíveis poderá também ser uma opção de investimento válida.

Em termos de matérias-primas embora o potencial de apreciação do petróleo seja limitado existem oportunidades para tirar partido da actual estrutura da curva de futuros que se encontra em "backwardation". Quanto ao sector imobiliário a nossa visão é negativa para algumas regiões dado que o aumento das taxas de juro tende a ter um impacto negativo.   

Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê?

Em termos globais identificamos como principais riscos para 2018 o aumento do proteccionismo económico, o agudizar da crise geopolítica na Coreia do Norte e/ou Israelo-Árabe e um eventual "overshooting" da inflação nos EUA e/ou Europa. Em termos regionais identificamos também alguns riscos. Nos EUA, a actual valorização dos activos de risco conjugada com um erro de política monetária poderiam despoletar um movimento indesejado nos mercados financeiros. Na Europa, o Brexit continua a ser um dos temas a monitorizar a par de uma eventual vitória do partido euro-céptico "5 Star Movement" nas eleições Italianas que poderia despoletar uma crise política e de confiança. Nos mercados emergentes, um inesperado "hard landing" da economia Chinesa e um calendário político intenso com eleições no Brasil, México, Chile e Colômbia ou uma apreciação exponencial do Dólar Americano poderiam por em causa o nosso cenário positivo.

Qual o fundo de investimento (obrigações, ações, misto) que recomendam para o ano de 2018 e porquê?

Tal como mencionado acima consideramos que o ano de 2018 será um ano de “stock & bond picking” mas se tivéssemos que optar pela escolha de um fundo optaríamos pelo iShares Automation & Robotics UCITS ETF (IE00BYZK4552) que permite ganhar exposição a uma das tendências seculares que consideramos relevantes.

Qual o objectivo que gostariam de ver concretizado em 2018, no trabalho que executam?

Em 2018 gostaríamos de sistematizar e simplificar processos permitindo melhorar o serviço prestado aos nossos clientes e obviamente ver esse esforço reconhecido pelo aumento dos activos sob aconselhamento.